A beleza no caos

A beleza no caos

Matheus Piccini

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No tempo da adolescência ir ao Centro Histórico significava uma jornada chata. Uma hora de ônibus, algumas vezes em pé. Muitas pessoas juntas me deixava ansioso. Não era muito fã de multidões, pessoas se esbarrando, olhares se cruzando, gritaria, barulho de carros e motos. Tudo isso enquanto centenas de diferentes coisas acontecem ao mesmo tempo. Achava aquilo uma loucura. Caótico. Mas quem disse que não existe beleza e propósito no caos? Se pararmos por alguns segundos, nos desligarmos dos passos apressados que nos rodeiam, podemos notar e compreender coisas novas e que, às vezes, nos fazem até mesmo mudar o nosso modo de pensar em relação a como levamos nossa vida. Hoje a relação mudou. Aquela ansiedade já não existe mais. Transformou-se em curiosidade e admiração. Posso até dizer que o Centro Histórico, de certa forma, é como um professor. Falo das pessoas e seus instantes. Num esforço constante para não cair na rotina e me acomodar, aproveito o momento entre as pautas para observar as cenas que o cotidiano oferece e as diversas histórias que muitas vezes acabo esbarrando. Muitas delas estão ali, esperando para serem contadas, outras necessitam de uma dose extra de sensibilidade, porém, há sempre algo novo para aprender.


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