A hora do passeio
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Ele poderia ficar em casa, rodeado de paredes, sob às ordens da preguiça, postergando a ida para ver o sol, a vida imensa lá fora. Mas o amigo chama, com olhos ansiosos, movimentos eufóricos, aponta a porta, a rua, o tempo que urge. Não importa o frio, tampouco o caminho a ser percorrido. Chegou a hora do passeio. O homem suspira e vai. Da obrigação ao hábito, do hábito ao prazer. Alguns passos ao lado do pequeno companheiro são suficientes para descobrir uma súbita energia, alívio das tensões, bem-estar. Ele reflete diante do entusiasmo do cãozinho que a todos os recantos quer alcançar. Quem dera enxergar tudo como se fosse a primeira vez. E, mesmo com as diferenças, ambos conseguem uma sincronia e leveza no caminhar. Faceiros, entendem-se pela linguagem do carinho, afeto. O homem pensa alto, a companhia inquieta se aquieta para poder escutar. Talvez seja apenas imaginação, alguns considerarão insensatez. Os dois ignoram julgamentos. O dia está tão bonito, o mascote puxa a coleira, convoca o homem a olhar para frente. A ir mais longe.
Texto e fotos: Alina Souza