Acolhimento

Acolhimento

Alina Souza

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De repente, viemos parar no mundo e ele nos chama, cheio de gente, sons, sentidos. De repente, nascemos. Queremos a mão que afaga e orienta, uma presença que nos faça sentir menos sós frente ao horizonte indecifrável. Procuramos vínculo, acolhimento. E também referências, pessoas que nos digam que vale a pena enfrentar o desconhecido. Que façam curativos sobre as feridas e revelem que, sim, vai doer um pouco, mas logo passa, logo sara, as lágrimas e soluços se cansam, a vontade de brincar voltará a ser grande. Os heróis têm medo, os monstros têm medo; todos têm medo, coragem é reconhecê-lo e seguir adiante assim mesmo. Buscamos exemplos. Buscamos pais. Não precisam ser do mesmo sangue, sangue é algo que não se vê, melhor é falarmos de laços, estes ficam evidentes nos olhares e gestos de cumplicidade. Queremos pais que nos criem abrindo todas as possibilidades da palavra “criar”. A criança que um dia fomos não nos abandona, apesar da despedida do berço, dos brinquedos, das bonecas. A ela incorremos sem querer, inconscientemente, diante dos dilemas adultos. Por isso, a importância do amparo inicial. Ninguém merece nascer e ter que se virar sozinho.


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