Diálogo

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Alina Souza

Praia do Lami.

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Menina, se eu não estivesse na correria do jornalismo, pediria licença para sentar-me ao teu lado. Também apoiaria o rosto em uma das mãos, faria do meu pensamento um barquinho de papel conduzido pela direção da brisa. “Força, menina”, eu diria.

Nós, mulheres, temos muitos desafios a enfrentar. Em meio aos mergulhos, resgatamos a força natural. Mas há também aquela força que desenvolvemos a partir das convivências, da soma das lutas para demarcarmos o espaço de paz. As cadeiras coloridas, os pés na areia úmida, a vista no horizonte. Isso ninguém pode nos tirar. 

Vou te dizer, menina, que a mansidão não é total. Muitos tentarão afogar nossos direitos e desejos. Se algo lá dentro da gente parecer preso, reprimido, é sinal que devemos dizer “não”, esquecermos a adrenalina, retornarmos ao sossego.

Existem limites e vamos deixar bem demarcados os nossos. Se houver insistência, levemos as cadeiras para outro lugar e deixemos as injustas culpas e os pesados ressentimentos dentro daqueles imaginários barquinhos de papel, tão logo distantes, entregues ao curso das águas.


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