Do alto
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No breve intervalo de dias chuvosos, anseio aproveitar a paisagem nítida embaixo da imensa colcha azul. Grata eu fico com quem ajuda a ampliar o campo de visão, as perspectivas. Incentiva a subir alguns lances de escada e ver o contexto do alto. Quando não tememos a altura, deixamos de nos concentrar em peças isoladas e passamos a enxergar o quebra-cabeças em sua totalidade. Esse afastamento é necessário para compreendermos que somos um ponto na vastidão urbana. Há muito por descobrir, ponderar, interrogar nossas próprias posições. Tantas caixinhas quadriculadas, grudadas umas nas outras, resguardam o sono e os sonhos, o sossego e também o medo. Separados por paredes, conectados por telas de aparelhos eletrônicos, os habitantes deste condomínio chamado cidade grande correm em direção aos parques nos fins de semana. De cima, avisto o verde, forte e intenso, não ofuscado pela rigidez dos planos cartesianos. Contemplo. E logo penso: que haja muitos terraços a visitar!
Texto e fotos: Alina Souza