Frescor da chegada

Frescor da chegada

Alina Souza

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Falta pouco. Depois de muitas tormentas, 2021 se aproxima da outra margem. O calendário anuncia o fim de uma travessia cheia de desafios e estranhamente rápida. Os ventos aceleraram o processo. Quase não houve calmaria. Remamos em busca do nosso próprio sentido. Por incrível que pareça, ainda resta força nos braços para buscarmos os abraços. Viver é um percurso e, em certa medida, sempre há uma perspectiva de alcance. Aguentamos as tardes áridas pois sabemos que mais tarde o céu vestirá matizes douradas e a atmosfera ardente se tornará mais amena. Quiçá mais madura e sábia. As últimas semanas de dezembro trazem o frescor da chegada — e também a percepção de que os dias escorreram entre os dedos. Tudo bem, no fundo queríamos vencer os momentos difíceis o quanto antes, ansiosos por novos ares. Mas isso não quer dizer virar as costas para o rio atravessado. Pelo contrário, significa ir atrás da foz, da fonte, dos afluentes, das corredeiras, da continuidade. Não nos despedimos das águas, apenas fechamos um ciclo, trocamos o barco, firmamos o mastro. Juntamos as aprendizagens, estudamos os pontos no mapa, redefinimos a rota.


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