Frutos no amanhã

Frutos no amanhã

Alina Souza

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Fechamos o primeiro mês de 2021 com uma carga maior de esperança. E movimento. Meu olhar mudou a partir do ano da pandemia e espero que o de muita gente tenha mudado também. Se antes, ao me aproximar de uma janela, eu já procurava indícios de vida a sorrir e a piscar para mim, agora a busca se tornou ainda mais ferrenha, necessidade veemente de enxergar sentimentos no corpo da cidade.

Não me satisfaço mais com aquela vista típica de prédios lado a lado, amplitude de captura que tudo abocanha, mas nada de fato detém. Preciso explorar todos os cantos, usar uma lente que alcance os detalhes e me traga maior a humanidade.

Realizo-me quando a resistência traça a rota diante do meu foco, corta o asfalto abrasador como uma ruptura à opressão. A resistência não avisa, ela testa nossa mira, reflexos e reflexões. Resiste aos desvios, carrega centenas de frutos sem perder o equilíbrio. Cansa, mas avança, segue à risca. E de longe, todavia tão perto, observo que a nossa maior conquista é interrompermos a linearidade cinza, mesmo que haja ardor.


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