Jeito na vida

Jeito na vida

Alina Souza

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Lembro-me do apito do micro-ondas de manhã cedo, anunciando que a caneca com leite e achocolatado estava aquecida, e o pai batendo na porta do quarto: “filha, acorda, vamos dar jeito na vida”. Esta frase é muito forte para mim, mesmo em relação às atividades básicas do cotidiano. Coragem, a maior lição que o pai me passou. Ele me influenciou a correr atrás dos objetivos, com persistência e criatividade. Não precisou de longos discursos. Foi através destes dizeres simples, afetuosos. No passado, ele pintou as paredes externas de sua casa de amarelo; as portas e persianas, de vermelho. Depois disse, orgulhoso: “eu gosto das cores vivas.” Sim, gostamos da vivacidade, da inquietude, daquilo que choca, provoca e nos reinventa. Redescubro, a todo momento, o quanto o meu amor por ele toma conta de mim. Hoje os anos pesam em seus movimentos, em sua mente, em seu humor; contudo, meu sentimento de admiração permanece. Tem tanto do pai nas minhas escolhas. De despertar, deixar a preguiça de lado. Seguir adiante, movida pelas memórias de quem me ensinou a ser grande.


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