Mães

Mães

Alina Souza

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Ao lado delas atravessamos neblinas, acreditamos que podemos ir mais longe, mesmo que o longe esteja enevoado. Não é fácil sair do ventre acolhedor e ver o mundo espesso lá fora, mas entrelaçadas somos mais fortes, esperamos a cortina esmaecida dar espaço a um céu azul límpido e vasto. No início até pensamos que as mães pertencem a alguma atmosfera mágica, depois descobrimos que elas são humanas, choram como nós quando levamos um tombo inesperado. Choram e não há fórmulas ou encantos que sequem suas lágrimas, apenas o tempo, alguns guardanapos e o caminho juntas. Nem sempre caminhamos em total harmonia, surgem conflitos, palavras mal entendidas. Mais tarde compreendemos que as diferenças não nos separam, somos atadas pelo amor. Sentimento destituído de padrões, tão grande que até se atrapalha, cuja essência consiste em querer o bem, o desejo de se perpetuar. Por ele, as mães vencem as dores e os novos partos que surgem em meio trajeto compartilhado. Em todos os reencontros, comove a hora da partida, o momento de subir no ônibus, viajar rumo a densa camada de realidade, como sair do acalanto, nascer outra vez.


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