Nem sempre formatados

Nem sempre formatados

Alina Souza

Centro Histórico de Porto Alegre.

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Em certos dias, até os prédios conversam comigo. Pronunciam formas, linhas, sequências que acomodam os sentimentos profusos, com pontas soltas, ansiosos por alguma ordem. A robustez geométrica atrai traços abstratos, faz pensar nas combinações possíveis em um mesmo plano. Junções de quadrados, retângulos e triângulos nos circundam e adentram nosso âmbito. Por todos os lados predominam retas que unem pontos, paralelas que jamais se encontram ou começam juntas e seguem distantes (diga-se de passagem, melhor a separação do que a sobreposição desalinhada). Ora milimetricamente calculado, ora resultado da matemática das coincidências. Independente das circunstâncias, a lógica necessária para organizar fluxos, compreender nosso diâmetro. Resolver problemas, dimensionar catetos, percorrer hipotenusas. Depois de todas as caixas classificadas e empilhadas, depois do encaixe dos vértices, o olhar tende a procurar novos prismas. Ainda bem: sobram rasuras e infinitos números depois das vírgulas. Resta um espaço que escapa das teorias e teoremas — cuja extensão nenhum esquadro ou compasso consegue mensurar.


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