Novo destino
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Em um curto espaço de tempo, as lixeiras da minha residência tornam-se cheias. Abarrotadas. A produção de lixo disparou nos dias de pandemia, sobretudo a dos resíduos sólidos. Objetos da indústria passaram a ocupar um espaço maior dentro do cotidiano.
Abro a porta do apartamento e lembro que não estou sozinha. Os vizinhos transportam várias sacolas aos contêineres. A cidade inteira, o país, o mundo. A conta se multiplica. Quase não tem fim. Haverá lugar para tantas montanhas de detritos?
As imagens dos centros de reciclagem me devolvem esperança. Enquanto descarto plásticos, garrafas e papelões, torço para que tais substâncias sejam reaproveitadas da melhor forma possível e contribuam para sonhos, recomeços.
Com carinho, lavo, separo, preparo o material que poderá ter um novo destino. Penso nas mãos que irão tocá-lo: preocupo-me em não feri-las. Nos centros de triagem, pessoas perspicazes revertem a realidade do descarte. Lidam com embalagens, resquícios das coisas, pedaços de histórias e, em meio aos retalhos foscos, conseguem encontrar algo de intacto brilho.