O recado das aves

O recado das aves

Alina Souza

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Enquanto os tanques de guerra se destacam nos diversos noticiários, eu recorro à lembrança das aves que fotografei no litoral há poucos dias. Recorro como uma defesa, quero escapar destas imagens que refletem interesses de poder, domínio territorial e social. Sei que não posso negar os conflitos mundiais, mas deixem-me por alguns instantes pensar na paz que resta em alguns recantos ainda não atingidos totalmente pela ganância humana. Consolo-me observando o pássaro piru-piru, nas areias de Torres. Eles precisam das dunas para sobreviver. Nestes locais, eles se protegem, aninham a família, cativam os filhotes. Os ambientalistas, portanto, alertam para a conservação destes ambientes. Natural que existam dunas na praia, porém os humanos interferem também em tais cenários, em busca de mais espaço para transitar e comercializar de forma cômoda. Poxa, custa tanto assim aceitar que existem limites? Que a nossa liberdade termina onde a liberdade do outro começa? É tão mais agradável e enriquecedor apreciar os encaixes da natureza, vê-la desvelar-se à nossa frente, do que invadir caminhos, ceifar sonhos e voos, destruir o equilíbrio fundamental.


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