Repensar dimensões (e cores)

Repensar dimensões (e cores)

Alina Souza

Centro Histórico de Porto Alegre.

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Poucos têm sido os dias azuis. A raridade potencializa o instante e, quando ele acontece, a vontade é de abraçá-lo em toda sua imensidão. Um céu que parece um mar, que dá sede, desejo de apreciar o espaço limpo, o mínimo em sua versão máxima. Somos pequenos diante do infinito que nos envolve. Tolice é achar-se no centro do mundo. Aliás, tolice é encontrar um centro em meio ao imensurável, feito de múltiplos recortes, tonalidades, pontos de vista. O universo vai muito além dos nossos umbigos, isso todos sabem — mas nem sempre lembram. Frases do tipo “fulano ainda não respondeu as mensagens porque tem algo contra mim”, “sofro e ninguém sente pena”, “não consegui o que eu queria porque me invejam” demonstram a tendência a concentrar energia em nós mesmos. De repente, esquecemos que os outros não vivem somente para nos aplaudir ou nos vaiar: às vezes nos falta noção das dimensões. O azul celeste revela escalas, grandezas, misturas. Ensina que há tanto mais por trás desta cortina. Entre nuances vívidas, mesclam-se, inclusive, os tons sóbrios de um inverno cinza.


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