(Sobre)viver com livros

(Sobre)viver com livros

Alina Souza

Patrícia Fernanda de Oliveira e Luis Fernando Soares arrumam a banca de livros na Av. José Bonifácio.

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— Moça, quer ver algum livro?
Foi com essa simpatia e humildade que Luis Fernando Soares interpelou-me no canteiro central da Av. José Bonifácio.
— Oi, estou na correria e sem minha carteira aqui...
Sigo o caminho e uma clarividência me fisga. Peraí, ele falou em livro? Voltei atrás. 
— Há quanto tempo mantém esta banca?
— Faz uns três anos. Minha mulher que incentiva. Trabalhamos aqui todos os dias, das 11h às 7h da noite. Alguns domingos ficamos em casa, aproveitamos a família. Lá vem ela, vamos tirar foto juntos!
Patrícia Fernanda de Oliveira chega com mais uma caixa de obras literárias, arruma os exemplares sobre a toalha disposta na calçada e conta:
— Se não fossem os livros a gente não sobreviveria. Sustentamos 5 crianças. Moramos na Lomba do Pinheiro. Adoramos o Bom Fim, todo mundo nos conhece. Tem dias que não vendemos nada, tipo hoje. Mas ganhamos comida para levar para casa, um suquinho, uma ajuda, entendeu?
Sim, entendi, embora minha realidade seja diferente e as conotações assumam outro viés, convergimos no mesmo ponto: a literatura abastece a vida, sustenta sonhos, sacia a fome.

 


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