Surpresas

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Alina Souza

Macaco em comunidade indígena no bairro Lami, em Porto Alegre.

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Gosto das pautas que exigem disposição para o deslocamento: conhecer realidades distintas daquelas circunscritas no cotidiano. Desbravar a distância entre mundos, ainda que seja a rua aqui do lado. Observar, apreciar tudo o que for diferente do nosso típico cenário. Sair do eixo. No caminho para o bairro Lami, por exemplo, atravessamos quilômetros e, principalmente, vieses de uma cidade plural. Atravessamos a nós mesmos. Vale a pena desgrudar os olhos da tela do celular no decorrer do percurso e contemplar a significativa mudança de paisagem. Escancarar a janela, inspirar o ar puro e a leveza do campo. Quando conversamos com moradores desta região, deixamos soltar algo do tipo “lá” em Porto Alegre para nos referirmos às zonas mais centrais. Ora, esquecemos que ainda estamos dentro da capital! O verde nos descola do quadro com cubos empilhados e tons de desgaste associado à vivência urbana. Retoma suspiros antes tragados pelo barulho, refaz o afago da ventre da mãe, o estímulo da palavra do pai. Contentamento de olhar para cima, em busca de luz e, no próprio descuido, descobrir algo mais. 


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