Vasta

Vasta

Alina Souza

Prainha do Canal, em Tramandaí.

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Talvez exista um mundo diferente do outro lado. Talvez mais um monte de areia e nada mais. É preciso subir para ver. Correr rumo à imensidão, desarrumar a cômoda superfície da duna, soltar os grãos ao vento, soltar-se, descobrir-se.

Não há nada de errado em ceder ao desejo de aventura, não há nada de errado em errar. A areia acolhe os desequilíbrios e abranda quedas com a maciez cálida de um abraço.

Embora inspire liberdade, dela é difícil libertar-se. Sem querer, acaba por incomodar as vistas. O piscar dos olhos alivia. Um leve desconforto que interrompe o tempo. Depois, a própria areia reconvida a enxergar o que está além dela mesma.

Ainda que pareçam apenas sequências de altos e baixos, vale a pena contemplar os arredores. Há de existir um oceano e tantas outras pinceladas de azul em contraste com a claridade ardente que escorre fina e delicada entre os dedos. Escorre feito farelos de infinito, frações da vida que ainda temos a escalar.


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