Liga das Nações discute continuidade da Doutrina Monroe, um século após sua implementação
Não houve edição do Correio do Povo no dia 19 de agosto de 1922
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DIVERSAS
A doutrina de Monroe na Sociedade das Nações - Na ultima reunião da Assembleia da Liga das Nações em Genebra, a proposito de uma emenda apresentada ao artigo 21 do pacto, houve no seio da primeira commissão um interessante debate sobre a doutrina de Monroe em que teve parte brilhante e decisiva o delegado brasileiro sr. Raul Fernandes. Agora com a publicação em volume dos trabalhos das commissões da Assembléa de Genebra e que se pode ter uma idéa completa do valor dos debates ali havidos e no caso particular, a que nos referimos do papel representado pelo Brasil como defensor e “leader” do pensamento da America Latina em relação á Doutrina de Monroe. Esta doutrina, cuja interpretação tivera uma evolução tão larga, no correr da grande conflagração, quando, em 1917, os estados da America do Sul acompanharam a atitude dos Estados Unidos intervindo no grande conflicto mundial, parece que soffreu um retrocesso, se não na pratica, em theoria, com a queda de Wilson e de seu partido na ultima campanha presidencial norte-americana. Depois de haver produzido seus grandes resultados, defendendo e mantendo a independencia e soberania das novas nações do Continente durante a primeira metade do século passado, desenvolvimento destas nações por um lado e a tendencia rigorosa dos partidos politicos dos Estados Unidos e em manter aquella doutrina nos seus termos estreitos e exclusivos, por outro lado crearam em torno da celebre declaração do presidente Monroe, em 1923, uma desconfiança, que se foi accentuando á medida que as declarações officiaes de certos partidos politicos norte-americanos reivindicaram ostrensivamente para o seu país o direito de interpretar e applicar os principios da Doutrina Monroe sobre todo o territorio americano, tendo apenas em vista os interesses vitaes dos Estados Unidos. Foi, assim, que as declarações do presidente Roosevelt em 1904, na sua mensagem ao Congresso, na parte relativa á citada doutrina, provocou em toda a imprensa sul-americana muitas criticas e contestações, não obstante haver o notavel estadista norte-americano reconhecido a algumas nações do Sul do Continente, a qualidade de garantidoras dos principios de Monroe. Embora não tivessem tido resultado as iniciativas tomadas no Congressos Pan-Americanos de Washington e do Mexico para chegar-se a um accôrdo afim de ser applicada aquella Doutrina com um principio de politica americana, de modo a ficar resalvada sempre a soberania e os justos melindres das jovens nações do Continente, em que não soffrerem uma tutella declarada, a Doutrina de Monroe attingiu a um accôrdo quasi perfeito durante a conflagração européa, com a extensão que lhe foi dada de modo a tornal-a um principio de solidariedade effectiva entre todas as nações da America. A nota circular do governo brasileiro, ao revogar a neutralidade na guerra entre a Allemanha e os Estados Unidos é a resposta que lhe deu o governo desta nação e de todos os paizes da America Latina valeram por um entendimento da interpretação da discutida declaração de 1823.
Matéria publicada na edição de 15/8/1921.
CRONOLOGIA
O dia 19 de agosto na história
1898 - Nasce Francisco Alves, o “Rei da Voz”.
1905 - O Czar Nicolau II, da Rússia, publica manifesto instituindo assembleia consultiva, a Duma.
1936 - Garcia Lorca é fuzilado pelos franquistas na Espanha.
1961 - Che Guevara é condecorado por Jânio Quadros em visita ao Brasil.
1981 - Estreia a programação da SBT.
1987- Formação do Centrão, bloco conservador da Constituinte.
1991 - Deposição de Mikhail Gorbachev marca o colapso do comunismo na URSS.
2001 - Morre o ator Gilberto Martinho.