O Brasil não gosta de Felipão

O Brasil não gosta de Felipão

Técnico acordou culpado por não permitir que o Flamengo enfiasse uma goleada

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O Felipão de 30 anos jogava para levantar taça.
O de hoje também.
O Brasil não gosta de Felipão.

Abaixo vou republicar uma coluna antiga.
Escrevo sobre Flamengo 0 x 0 Athletico-PR.
Felipão está sendo atacado grosseiramente por ter montado um time retrancado.

Felipão foi Felipão.
Não iria se meter de pato a ganso diante de um Flamengo milionário num Maracanã lotado.

O que é o futebol?
Um jogo, não?
Num jogo, cada um usa as armas que possui.

A arma de Felipão era empatar e levar o segundo jogo em aberto para o seu estádio.
Conseguiu.
Felipão acordou culpado por não permitir que o Flamengo enfiasse uma goleada.
Segue a coluna escrita vai tempo.
 

O NOME DA TAÇA
O genial Nelson Rodrigues abre assim uma das suas crônicas:
"Se e perguntassem qual a mais feia impostura da nossa época, eu daria a seguinte e fulminante resposta: — é a cínica promoção que se faz do jovem. 
Não há mais, como no passado, o conflito das gerações. Até os velhinhos nostálgicos, espectrais, da porta da Colombo, adulam a juventude. E, ainda ontem, um rapaz da PUC bate o telefone para mim. Atendo e sou interpelado: — “O senhor é contra o jovem?”. Ao ouvir falar em “o jovem”, respondi, com a mais singela e casta boa-fé: — “Nem conheço”. Realmente, não conheço “o jovem”, como não conheço “o artista”, como não conheço “o judeu”. 

Lendo Tostão, na Folha, me deparo com este texto:
"No fim de semana assisti a várias partidas. O Athletico, com Felipão, e o Inter, com Mano Menezes, dois treinadores que já foram rotulados de ultrapassados, não muito bem no Brasileirão. As Séries A e B mostram que treinador bom não tem nacionalidade nem idade".
Ontem completou 20 anos do pentacampeonato mundial.

Este colunista estava em Yokohama.
O título tem nome e sobrenome: Luiz Felipe Scolari. Alguém dirá que ele comandava um timaço do meio para frente. A Seleção de 86 era ótima e não deu caneco.

Felipão afrontou o país e peitou a CBF ao não levar Romário para aquela Copa.
Escanteou também Djalminha.
Não voltasse campeão e seria expatriado. Voltou com a taça e não cometeu a frase de Zagallo: "Vocês vão ter que me engolir".
A verdade verdadeira é que o brasileiro jamais digeriu Felipão, flor de rusticidade.

Para o torcedor brasileiro, Felipão está ultrapassado desde guri, dos tempos em que, zagueiro, desfilava um futebol ausente de qualquer refinamento no estádio Alcides Santarosa, na minha querida Garibaldi. 
Os títulos deste passo-fundense não caberiam nesta coluna.

O rótulo de ultrapassado vem acompanhado de uma inveja mortal.
Numa frase feita, diria que estamos diante do treinador veteranos mais moderno do país.


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