O Inter sonhado não saiu do papel

O Inter sonhado não saiu do papel

É a base deixada por Medeiros que está garantindo parte das finanças e engrossando as escalações de Aguirre

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Antes da eleição presidencial do Inter, então candidato, Alessandro Barcellos atendeu a um pedido do Correio do Povo e enviou um texto sobre algumas das suas metas caso ganhasse o pleito. 
“Superar o cenário atual é o nosso propósito e nossa meta. Seremos até o final de 2021 o clube mais moderno da América do Sul e, até 2023, estaremos entre os Top 3 de resultados de campo do Brasil, com equilíbrio econômico e financeiro. Para realizar uma obra dessa dimensão nos apoiamos em quatro elementos: ciência, método, categorias de base e sócios. E alta capacidade de execução.
Mudar radicalmente o modelo passa por resgatar a fórmula que nos fez vencedor no campo esportivo e, junto com isso, fazer as rupturas necessárias, em oposição ao que está posto. 
No campo, precisamos ser propositivos. Uma equipe orientada a controlar o jogo, com imposição técnica e proprietária da bola. Que goste de agredir. Sempre tivemos nas categorias de base o talento que ancorou o protagonismo das nossas equipes. Vamos implementar um eixo de ciência de dados, com modelos inovadores, potencializando os talentos da base e harmonizando com a capacidade de capturar jogadores de alto potencial, antes dos adversários. 
Nossas metas são claras para a base: representar 40% da equipe profissional e no mínimo 4 jogadores na equipe titular. A equipe de gestão será voltada a realizar esse projeto. Vencer com a identidade e a marca das categorias de base. Na equação financeira, um plano de sócios transformador, com o ambiente e a facilidade para buscar a meta inicial de 200 mil sócios pagantes”.
Sete meses depois, temos um Inter que perdeu o Gauchão, foi eliminado da Copa do Brasil antes das oitavas e caiu da Libertadores na primeira fase de mata-mata. Restou a esperança de uma vaga na Libertadores de 2022 via Brasileiro.
Há ambiguidade na frase: “mudar radicalmente o modelo passa por resgatar a fórmula que nos fez vencedor no campo esportivo e, junto com isso, fazer as rupturas necessárias, em oposição ao que está posto”. Para resgatar a fórmula vencedora, Barcellos teria que retornar ao carvalhismo, justamente com quem pretende romper.
Barcellos não inventa a roda quando fala em usar jogadores da base. O hino do clube leva o nome de “Celeiro de Ases”. É a base deixada por Medeiros que está garantindo parte das finanças (Praxedes, Vinícius Tobias, Léo Borges e Peglow) e engrossando as escalações de Aguirre. Portanto, a gestão Barcellos está usufruindo do que encontrou feito. O projeto dos 200 mil sócios não decolou e há justificativa, a pandemia. E com esta amostragem de sete meses, a tendência é outra, continuar caindo. Já está nos 80 mil pagantes.
Resumo da ópera: em sete meses o Inter sonhado não saiu do papel, que aceita tudo. 


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