Brumadinho: emoção e indignação

Brumadinho: emoção e indignação

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No sábado, eu falei da emoção sentida com a tragédia de Brumadinho.

Eu disse isto:

Eu me emociono por causa dos mortos de Brumadinho, que poderiam ter sido salvos depois da tragédia de Mariana, onde inocentes pagaram pela cobiça, pela incompetência e pela negligência de predadores que continuam livres e gananciosos empoleirados nas suas crenças ideológicas .
Eu me emociono por Jean Wyllys, forçado a abandonar seu mandato e seu país diante de ameaças terríveis contra ele e seus familiares. Se ameaçassem minha mãe, eu desabaria.
Eu me emociono quando leio ou ouço as comemorações de famosos e anônimos cego de ódio e sedentos de sangue.
O que odeiam essas pessoas?
A liberdade sexual dos outros?
A luta por justiça social, igualdade e respeito à diversidade?
Eu me emociono quando penso em todos esses que lutam por terra, por teto, pela defesa da natureza e por dignidade.
Minha emoção nada muda.
Não sou ninguém.
Tenho consciência da minha "ninguendade".
Sou apenas mais um entre outros, o que, de certa forma, me faz grande, pois cada um é grande na singularidade sagrada da sua vida e do seu direito a ser protegido e a bem viver.
Eu me emociono diante daqueles que possuem a coragem que me falta para tentar mudar o mundo e denunciar seus erros, seus desvios, seus embustes e suas armadilhas.
Eu me emociono diante dos que vivem nas ruas, dos que procuram ajuda, dos que não encontram, dos que não estão no mundo apenas para ganhar dinheiro e daqueles que fazem da vida algo maior do que uma meta funcional a ser cumprida com o consequente resultado na conta bancária.
Eu me emociono com aqueles que navegam contra a corrente e se permitem dizer não ao que lhes é apresentado como inevitável, moderno, necessário e irrecusável.
A emoção de todos nós, ninguém, um dia fará diferença.

Hoje, eu me indigno:

Eu me indigno com o desleixo do Estado na fiscalização.

Eu me indigno com a insensibilidade da Vale.

Eu me indigno com  estupidez dos envolvidos.

Nada foi feito para evitar.

Arriscou-se, fingiu-se não ver, driblou-se a verdade.

Quantas foram para a cadeia depois de Mariana?

Quanto irão agora?

Nós, que somos ninguém, sugerimos: a direção da Vale deve ser presa preventivamente.

 

 

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