Como destruir o ensino médio

Como destruir o ensino médio

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Há um consenso: o ensino médio vai mal.

Diante disso, tomou-se uma decisão: piorá-lo.

Como fazer isso? Voltando ao ensino pretensamente profissionalizante.

O caminho mais curto para o pior é considerar o pensamento como inútil.

O relator da matéria no Senado, Pedro Chaves, está disposto a quebrar tudo.

Não posso dispensar o caro leitor desta breve apresentação do senador feita por um jornal: "A carreira de sucesso de Pedro Chaves no ramo da educação começou em 1971, quando ele assumiu a direção de uma escola particular de Campo Grande. Anos depois, criou o Cesup (Centro de Ensino Superior de Campo Grande), que depois se transformou na Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), uma das maiores instituições de ensino privado do interior do país." O homem sabe fazer dinheiro com poucas ideias.

Depois disso, Chaves (PSC-MS) teve seus talentos políticos descobertos por um certo Delcídio Amaral.

É de Chaves esta declaração de colocar em moldura na parede de algum estabelecimento: "Tenho uma enorme identificação com o Delcídio pelo trabalho que ele vem realizado desde que chegou ao Senado".

Delcídio caiu. Chaves assumiu o lugar do ídolo de quem se tornara suplente pela capacidade de agregar valor.

Guindado a relator da reforma do ensino médio, Chaves tem propostas de analfabeto: retirar filosofia e sociologia da grade obrigatória; fazer o aluno mudar de escola se quiser estudar numa que lhe dê certos conteúdos.

O jornal O Estado de S. Paulo, que não prima por considerações filosóficas nem pelo amor à sociologia, resumiu assim as intenções do "educador": "O relator também se disse favorável à retirada de Filosofia e Sociologia como disciplinas do currículo obrigatório. "Não sou a favor de que as disciplinas sejam retiradas da grade, mas que sejam incluídas como conteúdos transversais".  Ele sugere que Filosofia e Sociologia sejam abordadas nas aulas de História, assim como a disciplina de Artes poderia ser estudada junto com Literatura."

Filosofia e sociologia na aula de história.

Por que não matemática na aula de português?

Afinal, tudo se interliga.

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