Cunha confessa manobra

Cunha confessa manobra

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Cada um enxerga o que mais lhe convém. Eduardo Cunha deu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. É a primeira depois do seu afastamento. Ele diz que Dilma lhe ofereceu ajuda de cinco ministros no STF. É uma afirmação dessas que nunca encontrarão provas. Provado, porém, por ser confissão e coincidir com os fatos, é que ele acelerou a aceitação do pedido de impeachment para impedir a votação no Congresso Nacional da mudança de meta fiscal. Em outras palavras, criou um crime com algumas horas de antecipação à regularização legal de uma situação comum. Ninguém se convence de coisa alguma. Em todo caso, no futuro, historiadores saberão pesar os fatos.

Sua decisão de deflagrar o impeachment veio na esteira da decisão do PT de não apoiá-lo no Conselho de Ética...
Se você olhar o cronograma das decisões, verá que eu tinha prometido publicamente que, até o dia 30 de novembro, eu traria uma decisão. Por que eu acatei o pedido em 2 de dezembro? Primeiro, por que eu quis homenagear a data de aniversário da minha filha [risos. Segundo, porque eu vi que iriam votar a mudança da meta [fiscal na sessão do Congresso Nacional. Eu queria que a decisão fosse antes da votação da mudança da meta. Se eles votassem a mudança da meta, eles ficariam com discurso político de que a meta já tinha sido votada.

Isso não reforça a tese de que o sr. forçou a mão do impeachment?
Eu já estava com a decisão tomada, posso comprovar. Era só uma questão de tempo. Quando eu vi que ia ter a mudança da meta, eu falei: "tem que ser antes", se não você enfraqueceria.

Horas poderiam ter mudado o destino da presidente.
Não sei se poderia ter salvado, mas que efetivamente daria para eles uma desculpa, daria. O fato de ter votado não significa que ela não teria praticado crime. Mas era fundamental, na minha ótica, que essa decisão fosse feita antes da votação, para evitar um discurso político. Essa foi a razão pela qual eu soltei [o pedido naquele dia. Não tem outra razão.

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