Discursos fortes, ideologias também

Discursos fortes, ideologias também

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Cada ministro empossado de Jair Bolsonaro fez um discurso forte.

Os mais retumbantes certamente foram os de Sérgio Moro, Paulo Guedes e Ernesto Araújo.

Moro revelou-se confortável no terno de ministro da Justiça e da Segurança. Bradou: "Não deve haver portos seguros para criminosos e para o produto de seus crimes. O Brasil não será um porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político-partidários". Mensagem passada e recebida.

O recado mais importante de Sérgio Moro possivelmente tenha sido este com endereço certo: “Não se combate a corrupção somente com investigações e condenações criminais eficazes. Elas são relevantes, pois não há combate eficaz à corrupção com impunidades e sem risco de punição para os criminosos. Mas elas não são suficientes. São necessárias políticas mais gerais contra a corrupção, leis que tornem o sistema de Justiça mais eficaz”. Uma fala para ressoar no Congresso Nacional e, antes do começo da nova legislatura, nos ouvidos de novos e velhos eleitos.

Paulo Guedes entrou em campo com a manchete definida: “O primeiro pilar é a reforma da previdência, o segundo são as privatizações aceleradas e o terceiro pilar é a simplificação, redução e eliminação de impostos". O superministro da economia mirou nos alvos esperados: “A Previdência é uma fábrica de desigualdades. Quem legisla tem as maiores aposentadorias. Quem julga tem as maiores aposentadorias. O povo brasileiro, as menores”. Ninguém poderá acusá-lo de falta de foco. Guedes mostrou também que gosta de frases afiadas. Ao falar da legislação trabalhista, disparou: “O governo democrático vai inovar e abandonar a legislação fascista da carta del Lavoro”. Não faltou matéria para análise.

O novo ministro das Relações Exteriores, o gaúcho Ernesto Araújo, falou num tom com certeza inédito na pasta. Atacou o “globalismo”: "Aqueles que dizem que não existem homens e mulheres são os mesmo que pregam que os países não têm direito a guardar suas fronteiras, os mesmo que propagam que um feto humano é um amontado de células descartável. Os mesmos que dizem que a espécie humana é uma doença que deveria desaparecer para salvar o planeta". Defendeu a fé: “Há uma teofobia horrenda e gritante na nossa cultura, não só no Brasil, em todo o mundo. Um ódio contra Deus que vem sabe-se lá de onde, canalizado por todos os códigos de pensamento e de não pensamento que perfazem a agenda global".

Um parágrafo sobre Ricardo Vélez Rodríguez. Ele anunciou a criação de uma subsecretária para cuidar de "iniciativas cívico-militares". Explicou: “Vai haver uma subsecretaria que cuida disso, de iniciativas cívico-militares para colégios municipais que queiram participar (...) Os colégios militares no Brasil representam um modelo que dá certo, que tem disciplina, que tem bom desempenho nos índices de avaliação. Então, esse modelo de colégios cívico-militares é bom". Discursos que impactaram. Marcas de um novo estilo. A bolsa de valores explodiu o próprio teto.

E a fala da ministra Damares sobre menino de azul e menina de rosa?

Diz ela que foi uma metáfora.

Fora da meta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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