França flerta com extrema direita

França flerta com extrema direita

Eric Zemmour poderá ir ao segundo turno

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      Mais uma pesquisa dá Eric Zemmour, colunista do jornal “Le Figaro”, no segundo turno das eleições presidenciais francesas de 2002, com 16% das intenções de voto. Considerado de extrema direita, ele centra fogo nos imigrantes, nas minorias e no politicamente correto. Em 2019, fiel à ideia de ouvir todo mundo, eu o entrevistei em Paris. Seguem alguns trechos.

– É difícil a vida de um polemista na França?

Éric Zemmour – Antes de mais nada, sou chamado de polemista para não ser chamado de intelectual. É uma guerra de palavras. O termo intelectual é reservado para a esquerda.

– A crítica ao politicamente correto é o seu campo de guerra?

– Não. O politicamente correto é uma ideologia criada nos anos 1960 nas universidades dos Estados Unidos com o objetivo de colocar interesses de minorias sexuais, raciais e étnicas acima de tudo. É o campo de batalha de grupos feministas, antirracistas, LGBT, entre outros, determinados a impor suas regras à maioria. Trata-se de destruir a norma majoritária. É o contrário da democracia.

– Quem seriam os principais beneficiários?

– Como eu disse, homossexuais, os gays, como se diz, as feministas, os movimentos antirracistas e de defesa do islamismo. Todos os que proíbem qualquer crítica aos seus representados. Novos aristocratas.

– Para o senhor, raças humanas existem, mas sem hierarquia entre elas?

– Os rótulos não me importam. Raça, tipo, etnia, tanto faz. A palavra raça não pode mais ser usada por ter sido empregada por Hitler na sua defesa de uma raça pura. Se ele tivesse falado mesa, então mesa seria um termo tabu. Raça é uma categoria criada por cientistas para classificar a humanidade fora do universalismo cristão. No começo, representava um progressismo de esquerda. Posso garantir que não faço hierarquias entre as pessoas. Sei, no entanto, que existem brancos, negros, etc. Assim como existem povos, nações, civilizações diferentes. São dados de realidade.

– É falso acusá-lo de racista?

– Acusa-se qualquer um por qualquer coisa de racismo. São insultos, não argumentos. Qualquer afirmação que contrarie a agenda dessas minorias politicamente corretas é desqualificada como racismo.

– A revolta de maio de 1968 tem influência na situação atual?

– Maio de 68 é detonador de tudo isso. O discurso dominante em 68 era marxista. Foi adaptado depois. Nos anos 1970, houve a impregnação que ainda persiste pela qual se passou a atacar a sociedade francesa. Esse modelo vinha de longe, com raízes profundas, oriundas de uma vontade de desconstrução do cristianismo, da adoção do consumismo norte-americano.

– O senhor é um nacionalista?

– Nacionalismo é outro termo que virou tabu. Assim como patriota. Defender a nação francesa me cai bem.

– Para o senhor, a imigração pode destruir a França?

– Sim. É preciso parar a entrada de imigrantes, suprimir o reagrupamento familiar, o direito de solo, as ajudas sociais, expulsar os delinquentes estrangeiros.

– Qual a sua opinião sobre a Frente Nacional de Marine Le Pen?

– É um instrumento extraordinário de resistência ao politicamente correto e, ao mesmo tempo, um álibi para que o sistema impeça a vitória das forças dos seus adversários. Serve para que agitem o espantalho do fascismo assustando as pessoas, especialmente as mais desinformadas.

 


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