Lava-jato em tempos de crise hídrica

Lava-jato em tempos de crise hídrica

publicidade

A água que falta nas torneiras do sudeste jorra nas mangueiras da corrupção.

A lista divulgada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é uma catedral construída com um planejamento meticuloso. É devastadora até quando ignora ou pede arquivamento de investigação.

A lista poupa o principal líder da oposição, o senador tucano Aécio Neves, mas inclui o seu braço direito, o também senador Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais. O PSDB foi contemplado.

A lista não cita nem pede arquivamento de investigação envolvendo a presidente Dilma Rousseff, mas vazou que ela teria sido citada pelos delatores e que o procurador-geral não teria poderes para investigá-la.

No primeiro round, neutralidade: fora do jogo ficam a líder da situação e o líder da oposição.

Leio no Correio do Povo que é dado como certo que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, já falecido, recebeu R$ 10 milhões da Queiroz Galvão para o seu partido ajudar a abafar uma CPI sobre a Petrobras.

Na lista de investigados de Rodrigo Janot, por outro lado, não faltam senadores do PT.

Como os delatores que possibilitaram essa lista, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, eram da cota propineira do PP (Propineiro Petrobras), com apoio do PMDB, esses dois partidos foram os mais generosamente aquinhoados com citações. Como se sabe, o presidente do Senado, o retaliador Renan Calheiros, e o presidente da Câmara de Deputados, o franco-atirador Eduardo Cunha, lideram esse lista fechada. Cunha esperneia. Quanto mais faz isso, mais se atola. Teria usado uma deputada laranja para pressionar o seu pagador num momento em que ficou sem receber a bufunfa combinada.

O PP entrou na lista com metade do seu efetivo federal.

No momento, ostenta o rótulo de partido mais suspeito de corrupção no Brasil.

O partido de Paulo Maluf não podia negar o mestre.

Pode ser que todos sejam inocentes.

Maluf jamais admitiu qualquer culpa.

O observador escaldado pensa assim: a maioria citada tem culpa no cartório.

Fica a dúvida: quem escapará como inocente dessa lista de condenados à fogueira?

Quem, mesmo culpado, não será reeleito?

Só os que tiveram os direitos políticos cassados.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895