Leite foi o alvo em debate da Guaíba

Leite foi o alvo em debate da Guaíba

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Bem temperado

 

      Foi um debate bem temperado o da Rádio Guaíba ontem com os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. Três horas que voaram. Sete homens por um palácio. Sete biografias em busca de uma página especial. Teve apresentação e aprofundamento de propostas, provocações, polêmicas, alfinetadas, pimenta e metaforicamente falando gotículas de sangue. Havia um homem a ser abatido: Eduardo Leite. As críticas mais fortes foram dirigidas a ele. Resultado certamente do seu crescimento vertiginoso nas pesquisas. O governador José Ivo Sartori, em disputa por um segundo mandato, foi o segundo alvo.

Até nas considerações finais os candidatos ainda estiveram no ataque ou na defesa, aproveitando para dar a última estocada ou apresentar o derradeiro esclarecimento a alguma crítica. O mais incisivo foi com certeza Mateus Bandeira, do Novo. No papel de franco-atirador, foi para o ataque em verdadeiras cargas de cavalaria. Mirou em Leite e não deu trégua. Atacou até para anunciar o interlocutor:

– Vai perguntar para quem, candidato?

– Para o jovem profissional da política.

O pega foi candente. Outro rolo se deu entre Júlio Flores e Eduardo Leite. O candidato do PSTU provocou o tucano em relação ao escândalo dos exames de câncer em Pelotas feitos por amostragem. O ex-prefeito não gostou. Defendeu-se com faca entre dentes. Leite foi o único a pedir, em determinado momento, direito de resposta, que a comissão responsável pelo encontro não acolheu. Sartori levou chumbo de quase todo lado, especialmente do petista Miguel Rosseto e do psolista Roberto Robaina. Rossetto ironizou também a suposta falta de experiência de Eduardo Leite, que se defendeu lembrando o seu índice de aprovação em Pelotas de mais de 80% ao final do seu mandato.

Jairo Jorge buscou uma linha mediana de ataque. Pela aspereza das línguas os mais destacados foram Flores e Bandeira. Ficou clara a estratégia do candidato do Novo. Em dois momentos, referiu-se a Jair Bolsonaro, que descreveu como tendo sido vítima de um atentado não por pregar a violência, mas por combatê-la. Num segundo turno sem João Amoedo, Mateus Bandeira, que pregou pela revisão do estatuto do desarmamento, irá de Bolsonaro como opção “anti-establishment”.

No seu momento mais cortante Eduardo Leite acusou Bandeira de desonestidade. Afirmou que ele se apresentava como responsável pelo projeto econômico do governo Yeda Crusius quando não teria passado de um tesoureiro. Leite sugeriu que Bandeira se apropriava dos feitos de Aod Cunha. Ferveu. Robaina e Flores cumpriram o papel dos menos aquinhoados nas pesquisas que não perdem viagem. Desferiram golpes a cada intervenção. Encontraram jeito de atingir Sartori mesmo quando não estavam falando com ele. O governador insistiu no Plano de Recuperação Fiscal e cobrou de todos a falta de apoio para o plebiscito sobre a venda das estatais. Ficou claro que Sartori, Leite e Bandeira fazem parte de um mesmo imaginário econômico e de gestão.

No outro campo estavam Flores, Robaina, Jairo e Rossetto. Descontadas as diferenças de retórica, duas candidaturas resumiriam o embate, o velho confronto entre esquerda e direita, ambas com alguém esboçando inclinação mais para o centro ou para o extremo. O segundo turno terá os dois campos? Há muito eu não via um debate tão pegado.

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