Pedágio é exceção ou coisa de país atrasado

Pedágio é exceção ou coisa de país atrasado

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Nestes dias de polêmica, vale ressaltar: os manifestantes contra o aumento das passagens de ônibus estão certos tanto em São Paulo quanto em Porto Alegre.

A violência maior tem sido, na capital paulista, da polícia.

E pedágio, misturando alhos com rodovias, é atraso.

Ou ideologia.





Uma afirmação precipitada seria: pedágio é coisa de país subdesenvolvido. Quase. Melhor: pedágio é coisa de país subdesenvolvido, de capitalismo parasita e de nações desnorteadas. A França é a grande exceção.

A exceção francesa vai do cinema aos pedágios.

Basta dar uma navegada na internet para se ver que países realmente civilizados e não adeptos de exceção (os Estados Unidos são a barbárie civilizada) não têm pedágios ou os limitam ao mínimo.

Exemplos ao alcance de qualquer navegador na internet: “A Alemanha é um país com um sistema rodoviário altamente bem desenvolvido com rodovias, "autobahns", ligando norte, sul, leste e oeste. Todas as rodovias não possuem pedágio e encontram-se em excelente estado de conservação”.

Uau! A Alemanha é que pratica a exceção?

Tudo administrado pelo Estado. Tapetes mantidos por essa instituição considerada ultrapassada pelos anacrônicos defensores do que há de mais antiquado no mundo moderno: o neoliberalismo. Mais, muito mais, algo que não se lê na mídia brasileira tão moderna: “Nas autobahns não existe limite de velocidade mas nas demais rodovias deve-se notar a sinalização indicadora do limite. O controle de velocidade é feito pela polícia por intermédio de radares móveis. Todas as rodovias são muito bem sinalizadas”.

Mesmo na França, vendida aos pedágios por questões de oscilação política, os limites de velocidades deixam com água na boca: “130 km/h nas estradas que têm pedágios; 110 km/h nas autoestradas sem pedágios; 90 km/h nas estradas comuns; 60 km/h ou menos nas cidades; quando as estradas estiverem cheias ou perigosas a velocidade máxima permitida é de 10km/h”.

Vai, leitor, pega essa e chora de inveja: “Em outros países da Europa, como Áustria, República Tcheca, Hungria e Suíça, não existem pedágios, mas os motoristas que pretendem utilizar as rodovias precisam pagar uma espécie de imposto (geralmente anual), que dá direito ao uso das estradas. Um adesivo – ou, em alguns casos, chip – comprova o pagamento. Veículos que utilizam as rodovias sem um adesivo ou chip válido estão sujeitos a multas severas”. Esbraveja, leitor: “Nas autoestradas da Grã-Bretanha, não há, em geral, pedágios. Somente a M6 Toll, perto de Birmingham e certas pontes e túneis, por exemplo, o Dartford Crossing, cobram passagem”.

O pessoal viaja, mas não conta as novidades incômodas. Que feio!

O jornal “Le Monde Diplomatique” considera o sistema francês de pedágios um escândalo: começada no governo socialista de Lionel Jospin e ampliada na administração de direita de Dominique de Villepin, a “privatização das autoestradas ilustra o capitalismo de conivência à francesa: o Estado impõe o sistema custoso, assume o essencial dos riscos e depois organiza a captação do dinheiro pelos grandes grupos”. Qualquer semelhança com o que ocorre no Brasil e vinha acontecendo no Rio Grande do Sul é mera coincidência!

Para fechar em grande estilo: “Exemplo de países totalmente livres de portagens são a Finlândia, Alemanha, Suécia, Bélgica e Holanda (embora possam ter pontualmente uma ou duas portagens, por exemplo em pontes ou túneis). Existem também países com uma quantidade muito baixa de portagens, por exemplo Reino Unido e o Canadá, seguidos poda Dinamarca, Austrália, Noruega e Turquia”. O resto é puro atraso.

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