Quando tudo parece um balaio de gatos

Quando tudo parece um balaio de gatos

PT, Bolsonaro e DEM apoiam o mesmo candidato ao Senado

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      Política, no Brasil, é algo simples: pense em alguma coisa impossível. Ela acontece três dias depois. Rodrigo Pacheco (DEM) será o candidato de Jair Bolsonaro e do Partido dos Trabalhadores à presidência do Senado. Isso mesmo. Poderá subir ao trono carregado por petistas e bolsonaristas. Alcolumbre, o atual presidente, queria continuar no cargo contra a literalidade da Constituição. Como o STF sabe ler, não deixou. Há, claro, no STF uma parte que lê A, mas vê B. Rodrigo Maia, na Câmara dos Deputados, também pretendia se perpetuar no conforto da sua cadeira. Não deu. Chama a atenção o seguinte: na Câmara, o PT dividiu-se. Deu bate-boca. Uma parte queria apoiar Arthur Lira. A outra recusou-se a votar em candidato de Bolsonaro. Uau!

      Deve ser por isso que, embora bocas maledicentes jurem o contrário, nunca tive partido. Não saberia me adaptar às estratégias e conveniências das siglas. Rodrigo Maia inventou Baleia Rossi (MDB) como seu candidato contra Arthur Lira e Jair Bolsonaro. O PT apoia. Baleia Rossi avisou que impeachment não rola para não desestabilizar o país. E se os pedidos forem pertinentes? Com medo de perder votos de petistas, Baleia recuou um pouquinho. Rodrigo Maia, seu padrinho, é valente, chama Bolsonaro de covarde, mas nunca folheia um só dos mais de 50 pedidos de impeachment contra Bolsonaro em cima dos quais está sentado. É melhor inimigo que o presidente poderia ter. Só late.

      As contradições valem para todos os lados. Petista votando em candidato de Bolsonaro, que, neste caso, não recusa voto de comunista. Fica tudo claro. Um lugar na mesa aqui, a presidência de uma comissão importante ali e tudo se resolve dissolvendo impossibilidades, diluindo ideologias e dando para se receber. Depois, quando o cidadão se desencanta com a política, a culpa é só da mídia e da Lava Jato. Cada um com o seu quinhão. Que é país é este? Ainda não sei. A Ford está indo embora. Jair Bolsonaro explicou: “Mas o que Ford quer? (...) Querem subsídios. Vocês querem que eu continue dando R$ 20 bilhões para eles como fizemos nos últimos anos? Dinheiro de vocês, impostos de vocês para fabricar carro aqui? Perdeu a concorrência. Lamento”. Se Olívio Dutra mandou a Ford embora do Rio Grande do Sul, Bolsonaro mandou logo embora do Brasil. E agora? Cinco mil desempregados.

      Em política, partidos com ideologias diferentes podem fazer alianças pontuais. Por que não? Por exemplo, para construir um hospital ou uma ponte. Podem unir-se por cargos? Ainda mais quando se odeiam mortalmente?  Somos um país de personalidades. Fortes. A Organização Mundial da Saúde afirmou sobre Cloroquina e Remdesivir: “Nenhuma das drogas estudadas reduziu a mortalidade em nenhum subgrupo de pacientes nem teve efeitos na iniciação da respiração artificial ou duração da internação hospitalar”. O general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde do Brasil, tem outra opinião: ”Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da situação de saúde em Manaus a não adoção da referida orientação". E agora? Quem tem razão? Quem sabe mais? Quem tem mais informações? A OMS ou Pazuello?

Enfim, a pior coisa em política é o senso comum:

– Eles se merecem!

Uma frase ecoará pelos próximos anos"

Bolsonaro mandou a Ford embora do Brasil!

 

 


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