Regularizar salários não é prioridade do governo
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Prova de que o não pagamento em dia é estratégia para passar outros projetos amargos que não geram recursos imediatos.
O único mecanismo para ter dinheiro imediato e pagar os salários integrais em dia é o aumento de 85% para 95% do índice de uso dos depósitos judiciais. Pois justamente esse mecanismo não foi priorizado pelo governo nos projetos a mandar para a Assembleia Legislativa. Por quê? Porque botariam quase R$ 1 bilhão em caixa e esvaziariam o clima do quanto pior melhor.
O governo pretendia primeiro aprovar a reforma da previdência.
Depois, aprovar o aumento do ICMS.
Por fim, passar as privatizações.
Só então pediria o aumento do uso dos depósitos judiciais.
Sem crise, esses projetos ideológicos apoiados pela RBS não passariam.
A oposição bloqueou essa operação ao propor ela mesma o aumento do uso dos depósitos judiciais.
Isso obrigou os líderes da base aliada a irem pedir ao governo que mude de estratégia e peça o aumento imediato do índice de uso dos depósitos judiciais. Eles foram em comitiva clamar aos secretários Giovani Feltes e Biolchi a alteração do método.
Passaram recibo.
O uso dos depósitos judiciais tem ônus. O governo paga juros: R$ 99,5 milhões por mês de juro e correção monetária, R$ 1 bilhão por ano. Para quem? Pasmem! Parte dessa bufunfa vai para um fundo de reaparelhamento do Judiciário.
O judiciário que, baseado numa interpretação falaciosa da independência dos poderes, não participa da economia forçada, ainda fica com os juros da única solução disponível para o governo. É ou não é o poder canibal do Estado?
P.S.: leio Rousseau e Montesquieu todos os dias no banheiro.
Na parede, está escrito: todo o poder emana do povo.
O judiciário não pode autolegislar. Nem legislar.
Poupem-me de burrice e de corporativismo barato.