Teatro brasileiro do absurdo

Teatro brasileiro do absurdo

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Cena 1: entra o general da ativa e declara em tom solene de velho golpista: “Nós temos planejamentos muito bem feitos. Então, no presente momento, o que nós vislumbramos? Que os Poderes terão que buscar a solução. Se não conseguirem, chegará a hora em que nós teremos de impor uma solução. E essa imposição, ela não será fácil. Ela trará problemas. Pode ter certeza disso aí”.

– Como é o nome dele?

– Mourão.

– Mourão? Esse não era o de 1964.

– O nome se repete.

– Que farsa!

– Que tragédia!

Cena 2: entra a advogada constitucionalista Janaina Paschoal?: “A fala do General Mourão é, a um só tempo, um alerta (respaldado pelo Direito Constitucional) e um pedido. Instituições, funcionem!”

Uau!

Cena 3: entra o militante da sociedade civil e berra: “Essa exposição é um lixo que estimula a pedofilia e a zoofilia”.

– Não se pode caricaturar símbolos religiosos.

– Mas é o que pensa o Estado Islâmico.

– Sem comparações, por favor!

Cena 4: entra o porta-voz do banco que patrocina cultura sem meter a mão no bolso: “Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana”.

A exposição é cancelada.

Cena 5: entra o juiz federal e libera a cura gay.

– Cura gay?

– Autoriza psicólogos a tratar gays.

– Como tratar ou curar o que não é doença?

Cena 6: Entra o “cidadão de bem” e pede a proibição de uma peça de teatro por não aceitar que Jesus Cristo apareça como transexual.

Cena 7: o juiz não concede a liminar. A peça continua.

O país respira por aparelhos.

 

 

 

 

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