A reconstrução da saudade

A reconstrução da saudade

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Escritora, jornalista e doutoranda em Letras pela PUCRS, a sul-matogrossense Moema Vilela faz sua estreia literária com livro de contos; Obra sobre o pensamento de W.R. Bion também tem lançamento nesta sexta-feira

Por Luiz Gonzaga Lopes

Eduardo Lourenço no seu visceral e definidor de um sentimento que é português por essência, Mitologia da Saudade, nos dá algumas dicas do que é a saudade: "Na verdade, não temos saudades, é a saudade que nos tem, que faz de nós o seu objecto. Imersos nela, tornamo-nos outros. Todo o nosso ser ancorado no presente fica, de súbito, ausente".A saudade é onipresente nesta estreia literária da escritora, jornalista e doutoranda em letras pela PUCRS, a sul-matogrossense Moema Vilela. "Ter Saudade era Bom" (Dublinense) tem lançamento nesta sexta-feira, 10 de outubro, na Palavraria Livros & Café (Vasco da Gama, 165), em Porto Alegre (RS).

No texto da orelha do livro, o escritor Reginaldo Pujol Filho fala sobre este estranho desejo de ter pelo que chorar: “A vida fracassou "num cálculo onde o que estava errado não era a resposta, mas a própria proposta da equação" e eles parecem perceber ou sentir como ter saudade era bom. Como se ter saudade fosse lembrar que um dia houve algo que encaixou. Fez sentido. Ter saudade para, num espelho invertido, encontrar um fio de esperança no futuro. Ótimo exemplo é o conto fantástico (em vários sentidos) A reconstrução que, do no meio do livro, ressoa a nostalgia da saudade para o passado e o futuro. Mas a Moema autora não parece ter saudade. Cada conto é página virada, forma explorada. Difícil mapear sua voz ou estilo no livro. Narra no papel de homem e mulher, em diferentes tempos, registros variados. Mira sempre a próxima forma. Olha para trás apenas para lembrar o que não repetir.”Não li todos os contos do livro, mas A Reconstrução faz uma alegoria interessante, ao melhor estilo da ficção científica, sobre a reconstrução das experiências vividas, algumas tão fugazes e ao mesmo pungentes, como tomar um café ou perder uma mala no Aeroporto de Carrasco, em Montevideo.

O livro conta com o incentivo do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC) da Fundação Municipal de Cultura (Fundac) da Prefeitura Municipal de Campo Grande (MS). Moema nasceu em Campo Grande (MS). Escritora e jornalista é doutoranda em Letras pela PUCRS. Graduada em Jornalismo (UFMS), mestre em Estudos de Linguagens – Linguística e Semiótica (UFMS) e em Escrita Criativa (PUCRS), trabalha com comunicação e artes desde 2000. Para acessar mais informações sobre a autora: www.moemavilela.com

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O pensamento de W. R. Bion em livro

Lançamento nesta sexta-feira, 10 de outubro, às 19h, na Livraria Cultura

Os médicos psiquiatras Arnaldo Chuster, Gustavo Soares e Renato Trachtenberg há 18 anos estudam em conjunto o modelo psicanalítico proposto por Wilfred Ruprecht Bion, que trouxe contribuições originais à prática clínica. A fim de compartilhar com os leitores esta experiência e a visão particular que dela emergiu, chega às livrarias o livro "W. R. Bion - A Obra Complexa" (Editora Sulina). Após o pré-lançamento no Congresso da Federação Latino Americano de Psicanálise (FEPAL), em Buenos Aires, no dia 04 de setembro, os três autores autografam o livro em Porto Alegre nesta sexta, 10 de outubro, às 19h30, na Livraria Cultura do Bourbon Country (Tulio de Rose, 80, 2º andar).

Chuster, Soares e Trachtenberg expõem uma nova visão evolutiva da obra de Bion, abolindo a divisão didática muito utilizada que é a da obra em fases, e percorrem o trajeto do autor através dos saltos de pensamento, que o colocaram muito além de seu tempo. Bion “pensava” a sessão, por exemplo, como uma interação dialética entre analista e analisando, cujo foco é o aprendizado. Investigador da formação de vínculos de amor e ódio, ele desenvolveu também trabalhos sobre dinâmicas de grupos.

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