Os pássaros do céu da capital dos gaúchos
Utilizamos algo chamado playback, no qual reproduzimos o som de uma ave em uma caixinha de som portátil
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No céu da Capital, revoam pássaros de todas as cores, tamanhos e cantos, que fazem dela seu lar em meio às paisagens naturais, ou mesmo do meio urbano. Em meio a esta profusão aérea, o trabalho de quem se dedica a observar e estudar estes animais e registra a passagem e moradia deles. O vice-presidente do Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre (COA POA), Marcos Fischbor de Moura, 39 anos, mapeou em seu quintal, no bairro Lomba do Pinheiro, 111 espécies diferentes, e a lista segue aumentando.
O hobby, de acordo com ele, começou de maneira casual. “Em 2020, fotografei um surucuá-variado (Trogon surrucura) no estacionamento do Hospital São Lucas da PUCRS, onde trabalho. Postei em um site e o biólogo e ornitólogo Glayson Bencke me disse que era um dos poucos registros para Porto Alegre. Outro biólogo, Eduardo Chiarani, me falou sobre o COA POA”, conta Marcos.
A turma é considerada referência em matéria de observação de aves na Capital, junto com o jovem Augusto Pötter, também integrante do grupo. Alguns dos flagrantes seguem praticamente inéditos no território da cidade, afirma Moura, a exemplo do urutau (Nyctibius griseus), a borralhara-assobiadora (Mackenziaena leachii) e o peixe-frito-pavonino (Dromococcyx pavoninus). “Virou meu amigo”, conta o membro do COA POA sobre este último exemplar. “É um dos mais difíceis de ver em Porto Alegre. Mas ficou um bom tempo em casa. Chamava ele assobiando”.
Casado e pai de dois filhos, Maria Vitória, 5 anos, e Martin, 1 ano e 10 meses, ele conta que ambos são apaixonados pela convivência com o meio ambiente. “Tento levá-los o máximo que posso para a natureza. Gosto que eles tenham este contato. Meu mais novo fica na janela e, quando vê um passarinho, fica louco”, diverte-se ele. No site WikiAves, que reúne registros do mundo todo, o perfil dele é ativo, com mais de 2,2 mil fotos de mais de 360 espécies diferentes.
No ano passado, Moura recebeu o terceiro lugar no concurso Brasília Photo Show, com a imagem “Paternidade”, registrada no Parque Marechal Mascarenhas de Moraes, no bairro Humaitá. “Acho que a observação de aves é muito importante na conservação e preservação do meio ambiente. Através da ciência cidadã, os observadores podem registrar uma espécie rara e ameaçada de extinção, por exemplo”, comenta.
Um exemplo ocorreu recentemente no clube, onde os membros do COA POA visualizaram duas espécies que não eram vistas há mais de 50 anos no Rio Grande do Sul: o barranqueiro-de-olho-branco (Automolus leucophthalmus) e o Peixe-frito-verdadeiro (Dromococcyx phasianellus). Os registros foram feitos no Parque Estadual do Turvo, no município de Derrubadas. Atrair estes pássaros para observação e registro é uma técnica à parte.
“Utilizamos algo chamado playback, no qual reproduzimos o som de uma ave em uma caixinha de som portátil. Há um aplicativo para smartphones que tem o canto de todas as aves do Brasil, e você pode baixar o pacote referente ao mundo todo. A ave responde e vem mais próxima, aí conseguimos fazer a foto. Às vezes, também, ela vem ao natural”. O site do clube, coapoa.org, também está disponível para mais informações sobre o projeto e o trabalho de seus integrantes.