Bancas investem no e-commerce para participar da Feira do Livro

Bancas investem no e-commerce para participar da Feira do Livro

Após seis décadas de evento físico livreiros modificam a forma de vender seus livros

Pandemia mudou o formato e o mode de comprar na Feira do Livro

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Há 66 anos a Feira do Livro de Porto Alegre enche de cor, leitura e pessoas as vielas da Praça da Alfândega. Mas em 2020, como em todo o resto do mundo, os encontros, autógrafos e bancas precisaram se adaptar a uma nova realidade de distanciamento e isolamento social. A pandemia da Covid-19 obrigou os livreiros que antes enchiam o Centro Histórico a ingressarem no meio digital.

Bancas consideradas tradicionais transformaram-se em e-commerce e as esperadas palestras com convidados estão em lives. A feira se tornou moderna e mais rápida, compradores de todo o mundo têm acesso aos livros num piscar de olhos. “A Feira do Livro de Porto Alegre é um Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial da cidade e Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Sul. Este ano, ganha um ambiente virtual, em um formato inovador, conectado aos novos tempos”, explica o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL) Isatir Bottin Filho.

Mesmo de forma online a feira permanece com diversos escritores, debates e descontos por parte dos livreiros trazendo aquele encanto já conhecido do evento, mas sem o contato direto com o público. Em alusão ao momento tecnológico e histórico que vivemos o slogan “Janelas abertas para a Praça” expressa esta nova realidade de comunicação através das janelas e telas de computadores. Para o escritor e patrono da Feira do Livro, Jeferson Tenório, a feira “sai da praça e vai para a nuvem é uma feira dialogando com seu tempo”.

Para Isatir, o novo formato da feira contribui para que mais pessoas tenham acesso aos livros e ao ambiente do evento como um todo, além de incentivar os livreiros a investirem no digital. “Teremos uma abrangência de público infinitamente maior, queremos fortalecer ainda mais a relação de confiança com os leitores e estimular a cadeia do livro a atuar mais fortemente no comércio eletrônico”, conclui.

Janelas abertas para a oportunidade

Diante do momento atípico, a nova forma de vender e participar da feira pode gerar incertezas e com a inserção das bancas no meio virtual não foi diferente. “Em um evento tão tradicional como a Feira do Livro de Porto Alegre, é natural que exista alguma resistência à mudança por parte dos livreiros. Muitos deles participam há décadas da Feira do Livro, que, diga-se, manteve um formato muito semelhante desde as primeiras edições”, afirma o integrante da Comissão Organizadora da Feira, Tito Montenegro.

Mesmo com a resistência de algumas bancas, Montenegro percebe o interesse cada vez maior dos comerciantes em investirem na tecnologia para venda e atração do público. “Ao mesmo tempo, percebo que há uma parcela cada vez maior de livreiros, distribuidores e editores em busca de informação sobre como vender pela internet”, pontua. Entre os 52 expositores da feira online deste ano alguns já tinham presença virtual, o que facilitou na hora de comercializar seus livros. É o caso da Editora Belas Letras, que desde 2014 monta sua banca na feira.

 “Para fazer esta transição para o meio digital não foi muito complicado porque a Belas Letras é uma editora, então a gente já tem uma presença digital bastante forte, já trabalhamos com e-commerce, temos uma loja virtual que trabalhamos há bastante tempo”, afirma a representante da editora Raquiani Odorcick. Já para a Paulinas, livraria tradicional localizada perto da Praça da Alfândega, no Centro Histórico, e que hoje também está na plataforma digital da feira, o on-line é uma oportunidade de visibilidade, mas reconhece que a física tem sua importância. “Na verdade, tem muita gente que está sentindo falta da física, mas nós entramos no virtual porque como disseram os sócios, não se podia deixar de acontecer a feira, mas a física é mais vitrine”, afirma Jurema, representante da livraria Paulinas. 

Com o objetivo de dar espaço e oportunidade para os livreiros que não tinham um site, a Câmara Rio-Grandense do Livro firmou diversas parcerias com empresas especializadas em e-commerce. “Para os associados que ainda não tinham comércio eletrônico, por exemplo, a entidade firmou parceria com uma empresa que desenvolve lojas virtuais, para que os expositores possam criar seus sites de vendas em condições especiais”, explica Montenegro. Tudo isso para que mais pessoas tenham acesso aos livros e a cultura que mesmo online ainda pode ser sentida e consumida na Feira do Livro.

Jeannifer Machado / Faculdade São Francisco de Assis


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