Editoras buscam alternativas para lidar com a crise na venda de livros

Editoras buscam alternativas para lidar com a crise na venda de livros

Mercado editorial se encontra em processo de transformação

Correio do Povo

Novas tecnologias entram em conflito no cenário atual

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*Laura Pontin (4º semestre Unifin)

O mercado editorial, presente na Feira do Livro de Porto Alegre deste ano, explica que o Brasil se encontra em um processo de transformação no consumo de livros e revela alguns caminhos a seguir. Segundo Retratos da Leitura do Instituto Pró-Livro, o hábito de ler entre os brasileiros é baixo (44% não leem).

Na banca 56, o editor Maximiliano Ledur conta que, para chamar a atenção do leitor, lança junto ao livro impresso, a versão em eBook. Ele diz que cada vez mais as pessoas estão em uma rotina viciante, muito ocupadas com seus trabalhos e redes sociais. “Com isso, não costumam reservar tempo para a leitura. É esta a nova realidade que estamos tentando acompanhar”, assinala.

O presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Isatir Bottin, atribui a situação à falta de políticas públicas para o livro e para a leitura, além de leis de incentivo à cultura. Bottin reclama que, no Brasil, a cultura pode ter uma renúncia fiscal de 3% por pessoa física e 4% por pessoa jurídica, já em outros países vai até 30%. “Em um país como o nosso, onde a carência está em toda parte, não há saúde de qualidade, tampouco o mínimo de infraestrutura, fica difícil focar na cultura.”

Quando editoras e livrarias grandes, como Saraiva e Cultura, estão enfrentando problemas, consequentemente os escritores também passam por isso. O Correio do Povo foi até a banca 55, na Associação Gaúcha dos Escritores Independentes, conversar com Niro Casagrande, escritor de Paixão Adolescente. A obra é resultante de uma pesquisa de dois anos sobre a gravidez precoce na adolescência, entrando e saindo de bairros periféricos da região Metropolitana de Porto Alegre.

De acordo com a ONU, no Brasil, a cada mil jovens entre 15 e 19 anos, 62 estão grávidas. Apesar de sua importância e da possibilidade de fazer a diferença na vida de uma jovem leitora, o livro de Casagrande não teve muitos patrocínios, o que dificulta a repercussão do trabalho do escritor. “Esse exemplo é muito comum entre os autores, principalmente nos dias atuais”, comenta.

Mas, segundo a expositora Gislaine Boeira Camarata, essa crise, que abrange vários setores, está desencadeando sentimentos de zelo entre os brasileiros, fazendo com que a Feira deste ano receba leitores preocupados com o país. “Livros que refletem a segurança e a economia são os que eu estou mais vendendo. As pessoas estão se sentindo inseguras e acham que lendo vão conseguir ter ideias para mudar o país.”


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