Isolamento literário

Isolamento literário

Só percebemos como algo é importante quando ele não está mais lá

Weslei Fillmann / Feevale

Só percebemos como algo é importante quando ele não está mais lá

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Livros, telas e uma peculiar mistura híbrida dessas duas formas. Esse pode ser um resumo do que foram as Feiras do Livro de Porto Alegre de 2019 e 2020 e o que está sendo a edição de 2021. A pandemia do novo coronavírus causou mudanças que não foram bem recebidas pelos autores e leitores.

Quando falo de Feira do Livro de Porto Alegre, a primeira coisa que lembro é aquele corredor na Praça da Alfândega, bancas para todos os lados e uma multidão de leitores e curiosos, buscando conhecer novos universos escondidos em páginas brancas ou amarelas, de acordo com o tempo da tiragem do exemplar daquele livro.

A última vez que presenciei a natureza verdadeira da Feira do Livro, que está hoje em sua 67ª edição, foi em 2019. Em novembro daquele ano, cerca de dois meses antes dos primeiros casos de Covid-19 se espalharem pelo mundo, pude ver o principal produto oferecido na feira: a proximidade e a confraternização.

Um ano esquisito foi 2020. Ficando em casa, olhando tudo por uma tela de celular, computador, tablet e televisão... Não era legal. Perdemos o contato com as pessoas, que são o centro de qualquer evento. Seja nas feiras do livro e nas Oktoberfests. O olho-no-olho, que nós vivenciamos ao tentar conseguir um desconto naquele livro que tanto gostaria, não aconteceu.

E o recomeço surge no final de 2021. A “admiração verdadeira” (Martha Medeiros) e o encontro “por acaso” dos amigos na Feira (Clara Corleone) é único. E isso vale não somente para os autores e leitores, que voltaram a se reencontrar, mas também para os donos de bancas. A Feira desse ano está menor? Está sim. Infelizmente, perdemos amigos para essa doença maldita. Mas acreditamos que os próximos meses sejam de reaproximação, após um afastamento que deixou todos um tanto diferentes.


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