Páginas coloridas – Quadrinhos nacionais

Páginas coloridas – Quadrinhos nacionais

A importância de ter cada vez mais quadrinhos nacionais representados nos grandes meios literários

Cartunista Ernani Cousandier trabalhando em seu estúdio

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Os quadrinhos estão ficando cada vez mais populares nos últimos anos, por serem uma excelente porta de entrada para novos leitores. Principalmente por conterem histórias dinâmicas e de fácil entendimento, sem falar das ilustrações, que dão um rosto aos personagens e conversam com os leitores tanto quanto as palavras. E, apesar do Brasil não ter tradição no ramo dos quadrinhos, tendo como único grande expoente os gibis do Mauricio de Souza, o aumento da popularidade deste gênero tem trazido cada vez mais pessoas dispostas a encarar esse mundo tão colorido e cheio de possibilidades.

Mesmo com uma dinâmica completamente diferente das grandes editoras mundiais e seus famosos super-heróis, os quadrinhos brasileiros continuam a buscar seu espaço no mercado editorial. Geralmente focados em histórias mais Slice of life, que busca retratar a vida com mais familiaridade, os quadrinistas atraem o leitor com sensações profundas de identificação, através das ilustrações

Pensando nessa linguagem cada vez mais imediatista do século 21, a editora Libretos trouxe para 66ª Feira do Livro, a primeira em versão totalmente virtual, o volume de abertura do quadrinho “As aventuras de Fabrício Bomtempo – O anel Cardinale”, escrito por Christin David com ilustração de Ernani Cousandier, lançado em coedição com a Physalis.

A responsável pela parte editorial da Libretos, Clô Barcellos, comentou o quanto os quadrinhos são atraentes e interessantes, e ao mesmo tempo tratam de temas complexos. “É uma linguagem completa, sintética, rápida e muito prazerosa”, declarou. Ainda segunda ela, a editora só não investe mais em quadrinhos pois o valor de cor e arte é bem maior do que o investimento em livros contendo apenas textos em preto e branco.

Mas apesar das inúmeras dificuldades de produção, os quadrinistas brasileiros não perdem o fôlego e continuam investindo cada vez mais em obras independentes, geralmente patrocinadas por financiamentos coletivos como o Catarse.

“Nunca se viu tantos quadrinhos sendo publicados no Brasil. E quadrinhos de todo tipo. Estamos num momento rico e com potencial. Mas os desafios são enormes” disse Alessandro Garcia, dono do canal Ministério dos Quadrinhos no YouTube, e prefaciador de “O anel Cardinale”. Ainda segundo ele, os quadrinhos possuem um potencial enorme, e ampliam o horizonte do leitor. Os gibis são uma forma de linguagem que podem contar qualquer história, desde contos para crianças, até enormes epopeias. E os grandes eventos de quadrinhos como a Comic Con Experience, FIQ-BH e porque não a própria Feira do Livro de Porto Alegre, impulsionam o mercado tanto externo quanto nacional de novas obras do gênero.

O quadrinista Ernani Cousandier, comentou que apesar de trazer referências a obras bem estabelecidas da cultura popular, vem buscando encontrar uma linguagem própria dos quadrinhos nacionais, trazendo uma estética única para seus trabalhos. Ainda mais por considerar que os quadrinhos são uma expressão cultural sui generis, já que não é um braço da literatura clássica e nem uma peça de arte. “Ele é um gênero próprio em si mesmo, e isso não é um demérito”, comentou Ernani.

Apesar do mercado de quadrinhos ainda não ser tão consumido quanto títulos mais tradicionais de leitura, o púbico adepto às páginas coloridas é extremamente fiel, mesmo em tempos de restrições econômicas. E na visão do escritor Christian Davi, apesar de existirem muitos bons escritores e quadrinistas dispostos a fazer um bom trabalho, no Brasil o incentivo a esse tipo de obra é muito escasso.

“A produção de quadrinhos no Brasil é realmente um trabalho de apaixonados, destacou o escritor. Segundo ele mesmo com o apoio de algumas editoras menores, falta o incentivo de grandes empresas do ramo para impulsionar as obras, já que as pequenas editorias atuam com os recursos limitados. “Nós fizemos toda a arte e o roteiro das aventuras de Fabrício Bomtempo, sem saber se realmente algum dia o quadrinho seria publicado”, afirmou Christian.

E agora finalmente publicada, a HQ está sendo vendida pela primeira vez na Feira do Livro de Porto Alegre, fato que reforça a importância de eventos e feiras deste tipo. Pois não importa o gênero, sendo ou não quadrinho, a leitura continua sendo uma das maiores portas de conhecimento e descoberta de novos rumos, e continua apaixonando pessoas no mundo todo.

Para adquirir o volume 1 de As aventuras de Fabrício Bomtempo – O anel Cardinale, basta acessar a banca da editora Libretos no Site da Feira do Livro de Porto Alegre - https://www.libretos.com.br/editora-libretos-loja/destaques/lancamentos/o-anel-cardinale.html.


Jonathan Rosa / UniRitter

 


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