12 Horas de Tarumã confrontam gerações com muitos candidatos a vencer a 41ª edição

12 Horas de Tarumã confrontam gerações com muitos candidatos a vencer a 41ª edição

Campeã Cristina Rosito avalia desafios e novo formato do evento mais tradicional do automobilismo no RS

Bernardo Bercht

Maratona automobilística começa à meia-noite de sábado para domingo

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A corrida de resistência mais tradicional do Brasil, e a prova mais famosa do Rio Grande do Sul, terá a bandeirada da sua 41ª edição neste domingo. Com largada à meia-noite de sábado em Viamão, as 12 Horas de Tarumã vão reunir tradição, desafio, dezenas de pilotos em busca da vitória e um confronto entre uma nova geração de pilotos com os veteranos que já marcaram época nas diversas modalidades do automobilismo gaúcho. O Correio do Povo acompanha em tempo real a prova, a partir das 21h30min.

Para garantir grids mais competitivos lotados, as 12 Horas passaram a ter apenas uma classe de carros, todas com o regulamento da Turismo 1.4 - carros de rua preparados para a pista com mecânica limitada por regulamento. A mudança assegurou que todos os que vão largar tenham chances de vitória, se resistirem aos 720 minutos ininterruptos de aceleração, freadas e curvas desafiadoras de Tarumã.

Quem entende, com décadas de carreira, explica as dificuldades. “É uma corrida que a gente brinca que vão ser 12 horas como se fossem provas curtas de baterias”, relata a consagrada Maria Cristina Rosito, campeã da prova em 2000. “O carro de turismo é muito resistente e dificilmente tem quebras, com muitas peças originais. Isso quase garante muita gente trocando tinta até depois do amanhecer”, projeta.

A projeção da organização é de mais de 40 carros cobiçando a chamada Fita Azul, referência a cruzar a linha de chegada como nas maratonas. “Vai ser um grid cheio, muita gente com chances reais de vitórias. Vai ser um espetáculo muito grande para quem estiver em Tarumã assistindo nesse novo formato”, avalia Cristina. Por sinal, o retorno do público com as normas de higiene, será uma festa à parte, já que a edição de 2020 não contou com torcida.

Se as disputas na pista vão acontecer ao longo de toda a corrida, nos bastidores os movimentos também vão influenciar na vitória. “A estratégia segue muito importante em uma corrida com todas as equipes tão iguais”, opina Cristina. "Conseguir fazer uma parada a menos ou botar um pouco mais de combustível no pit-stop: vencer a prova vai passar muito pela tática dos boxes", aconselha a campeã.

A outra receita, segundo ela, é manter as quatro rodas no asfalto. “Precisa tentar não se envolver em acidentes nem sair da pista. Mas é pegado o tempo inteiro, com um monte de carros na mesma volta. Os caras vêm pressionando, às vezes batendo porta, ou aquela encostada no para-choque”, orienta.

Cristina destaca sua maior vitória nas 12 Horas, a edição de 2000. A corrida acabou tendo uma forte carga emotiva para a piloto, já que homenageou seu pai, Rafaelle Rosito“Meu pai havia falecido em 2 de novembro, fazia pouco mais de um mês. Na época, o meu preparador Jorge Martinewski falou para a gente correr. Eu disse que não tinha cabeça, mas ele me convenceu e na hora eu falei: ‘Vamos ver o que acontece’”, recorda a piloto. “Eu disse que não queria fazer a largada, que iria entrar no meio da corrida e ver como me sentia”, relembra Cristina. A bordo do protótipo Spyder de número 27, ela dividiu a pilotagem, na ocasião, com Delcio Dorneles, Paulo Bertuol e Sérgio Pereira.

“A gente liderou boa parte do tempo. De 516 voltas! Daí, faltando meia hora para acabar tivemos problemas no motor”, conta Cristina. Mais de 8 mil pessoas empurravam com a torcida o protótipo, enquanto este soltava ampla fumaça pelo escapamento e perdia voltas e voltas de vantagem. Ainda assim, no badalar das 12 Horas, foi a própria Cristina que agitou a quadriculada preto e branca enquanto Pereira cruzava com o Spyder campeão. “Conseguimos segurar. Por pouco não perdemos, mas vencemos e teve um carinho muito grande do público. Todo mundo sabia o que eu tinha passado. Foi uma prova que realmente fez eu continuar no automobilismo”, emociona-se.


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