Automobilismo gaúcho perde Carlinhos de Andrade, uma lenda moderna das pistas

Automobilismo gaúcho perde Carlinhos de Andrade, uma lenda moderna das pistas

Piloto, projetista e pai de uma família de campeões nas pistas do Rio Grande do Sul

Bernardo Bercht

Patriarca da MC Tubarão foi de piloto a projetista em 40 anos de competição

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O automobilismo gaúcho perdeu uma de suas lendas modernas, neste sábado. Aos 66 anos, Carlinhos de Andrade, patriarca da MC Tubarão, morreu após sofrer um infarto. Foram 40 anos de história nas pistas do Rio Grande do Sul e um legado de perseverança, capricho e criatividade nos boxes.

Carlinhos começou pilotando um Ford Corcel, lá em 1979 e já somando duas vitórias. Nunca deixou a briga dos ponteiros ao migrar para os Chevettes, marcando época com os "tubarões". Desta época, o jornalista Erno Drehmer lembra do seu começo no automobilismo com a parceria de Carlinhos. "Eu lembro que em 1986 meu amigo Victor Steyer foi correr de Chevette com o Carlinhos. O famoso número 5", conta. "Ganhei um troféu de melhor cronometrista do ano. Não existia o prêmio, claro, mas eles criaram e me deram. Um carinho com meu trabalho", relembra.

"Éramos quatro pessoas para as provas de Endurance, uns mecânicos. Fazíamos abastecimento em dupla", comenta, sobre o início de improviso. "Eram uns esquemas para funcionar um time enxuto. Foram meus pais no autódromo, convivemos muito tempo."

Carlinhos passou para os Opalas nos anos 90 e venceu as 12 Horas de Guaporé, além de se sagrar campeão do Gaúcho de Opalas em 1993.

Mas ele queria mais, queria ser um projetista de carros de corrida e aplicar a vasta bagagem que tinha acumulado até ali. Eis que surgiu o primeiro protótipo Tubarão, em 1996. O carro, com um jeito que lembrava o Panoz britânico, faturou os 500 Quilômetros de Tarumã.

Os projetos foram evoluindo e um carro Tubarão venceu títulos em quatro oportunidades dos cinco anos seguintes, até 2002. O time não deixaria de faturar taças em todos os anos seguintes. Migraram para os protótipos MRX, mas permaneceu a barbatana sobre o santantônio e a inventividade para encontrar soluções e velocidade. "Era uma pessoa sempre sorridente e fazendo piada. Era atleta, adorava jogar futebol. Vai deixar muita saudade, um precursor de muita coisa", acrescenta Erno.

A parceria com os filhos, Tiel, Né e Denti, reforçou a evolução esportiva. Focado nos bastidores, ensinando e passando adiante seu conhecimento, Carlinhos não deixou as pistas de todo. Ainda participou de inúmeras corridas e vitórias em carros de GT, no Gaúcho de Endurance e na Super Turismo. Agora, o legado garantirá muitas vitórias que ainda estão por vir para o MC Tubarão.

A receita do multicampeão de 12 Horas, em entrevista ao PitLane: "A gente surpreende é no fim da corrida. Tudo começa às 11 da manhã! Eles que aguentem a pressão!"


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