Aventura com 44 carros, pilotos da Indy e da F1 e muros semiprontos iniciou a lenda de Long Beach

Hora de aclimatar a galera para o GP de Long Beach, já que PitLane/300 por Hora estarão lá para a decisão da Fórmula Indy entre 24 e 26 de setembro. Bora contar do começo, então, com uma prova experimental da extinta categoria F5000, precedendo a estreia da Fórmula 1. E olha que em 1975 essa prova lendária quase não aconteceu. Como conta a edição de 4 de outubro da Autoweek daquele ano, os pilotos quase não saíram à pista no primeiro dia pois as barreiras de proteção não estavam prontas.

Mas a organização de prova deu um jeito e o sucesso foi total. Lotação esgostada nas arquibancadas e nos cockpits, com 44 pilotos no asfalto. Buenas, não era bem asfalto. À Autoweek, Mario Andretti relatou que passou por uns cinco tipos de superfícies diferentes, achando até que estava num rally. "Asfalto novo, algo muito velho parecido com asfalto, concreto, poeira", contou. Mas o importante era o show e os poderosos F5000, com motores de carros de rua preparados, com 5 litros de capacidade, entregaram a experiência veloz e visceral para o público vibrar nas arquibancadas.

Eram tantos carros, para tão pouca pista, que os competidores foram divididos em duas baterias classificatórias. Tony Brise da Theodore e Al Unser com a Parnelli, ambos de Lola T332-Chevrolet, venceram suas respectivas baterias. Mario Andretti comboiou Brise e o eventual herói do dia, o britânico Brian Redman, foi o segundo atrás de Big Al. A última vaga do grid, com 28 carros, ficou com Benny Scott, um pioneiro afro-americano a bordo da equipe Black American Racers.

A prova era de F5000, mas o grid reunia alguns dos melhores pilotos da Fórmula 1 e da Fórmula Indy, é preciso destacar. Além de estrelas como Andretti, Redman, Gordon Johncock e Unser; Tony Brise, Jackie Oliver, Tom Pryce, Jody Scheckter, Vern Schuppan, George Follmer e Chris Amon eram alguns dos grandes nomes na parelha.

Sob forte calor, que forçava pneus, freios e o equipamento, Andretti caiu numa armadilha com o jovem e impetuoso Brise. Ambos disparam na dianteira e, mesmo trocando posições e fritadas de pneus lá na frente, abriram sonoros 18 segundos de vantagem para Redman. Acostumado com carros que não se mantinham inteiros por muito tempo, na Williams e Surtees de F1, o britânico fazia sua prova tática. "Nunca tivemos tantas quebras num fim de semana como aqui. Então nossos mecânicos trabalharam a noite toda para reforçar o carro", lembrou antes da corrida.

Brise foi para o ataque total e passou Andretti na marra, abrindo quatro segundos. Logo em seguida, o herói norte-americano parou com o câmbio quebrado. Uma volta depois, a vitória ficou nas mãos de Redman. Brise parava com o semi-eixo arruinado. O próprio Redman disse depois que achava que não chegaria ao fim, com sérios problemas de direção, causados por danos no diferencial. Mas chegou com folga, a 29 segundos de Vern Schuppan e Seu Eagle 755. Na volta do líder, apenas o canadense Eppie Wietzes em terceiro, com o LolaT400. Chris Amon, David Hobbs e Warwick Brown completaram os seis primeiros. Apena 11 pilotos terminaram a maratona nas ruas da que seria a futura "Mônaco do Tio Sam".