Chefe de Kanaan e Leist quer levar nome mais pesado da Indy 500 ao topo

Chefe de Kanaan e Leist quer levar nome mais pesado da Indy 500 ao topo

Larry comenta a transformação do "negócio de família" do campeão A. J. Foyt numa equipe moderna para encarar as melhores

Bernardo Bercht, direto de Indianápolis

"Preferia estar no cockpit. De fora a gente vê que tudo vira um caos!"

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Larry Foyt, 42 anos, tem uma missão complicada no grid da Fórmula Indy. Ele é o comandante da equipe que carrega o nome mais pesado nas 500 Milhas de Indianápolis: A. J. Foyt Racing. "O pai vive para Indianápolis. Quando está aqui,tem um nível de intensidade acima de qualquer parâmetro. Quando a gente vai embora, ele já fala: 'Quero ser mais raṕido ano que vem, como vamos conseguir?'", comenta o chefe dos brasileiros Tony Kanaan e Matheus Leist.

"Só que daí, eu tenho a missão de segurar este ímpeto e garantir o máximo de performance nas outras 15 corridas da temporada", completa Larry, sorrindo. "Quando eu entrei para o time, até por ter pilotado, eu notei que faltavam várias coisas, então a gente trabalha muito em todos os setores", avalia. "Um problema é que o A. J. era muito bom em tudo no seu tempo. Não apenas na pilotagem, mas com os carros de antigamente era ele mesmo o seu engenheiro", acrescenta.

Os gigantes Penske, Ganassi, Andretti puxaram a fila e a exigência subiu, explica. "O esporte foi ficando sofisticado e tivemos que melhorar a área de engenharia. São toneladas de dados de telemetria, muita coisa para analisar", detalha. "A gente evoluiu um monte. Uma década atrás eu ia dar risada se sugerisse que teríamos oito engenheiros nos nossos boxes. O A. J. nem ia deixar!"

Uma questão que ainda exige trabalho é a operação "dupla" da foyt, em Indianápolis e Houston. "Ter duas oficinas separadas não é ideal. Nos estabelecemos aqui em Indy pois havia dificuldade de trazer os melhores para trabalhar no Texas", comenta. "Não sei por quanto tempo vai continuar assim. Tem desafios logísticos, mas funciona bem. Ainda não queremos fazer todo mundo se mudar para Indy tão cedo, mas o futuro está em aberto."

Sobre os velhos tempos, Larry lembra que apenas no seu primeiro ano de vida não estava na Indy 500. "Quarenta e uma edições, em 42 anos.. Quando era criança, tenho grandes lembranças de sair do hotel que tinha aqui. Eu e o pai ficávamos por lá mesmo e bastava sair pela porta para ouvir os gritos, os flashes e a correria até chegar no Gasoline Alley", relembra.

Em meio às muitas vitórias de A. J., dos carros super potentes e grandes projetos, é um detalhe que cativou a mente de Larry. "Eu assistia à prova de nossa cabine na Curva 2 e conseguia enxergar de lá as luvas vermelhas", conta. A. J. não usava luvas de pilotagem especiais. "Sim, ele preferia luvas de golfe para sentir mais a direção. Machucava, mas ele achava que tinha mais sensibilidade com o carro", pondera.

Larry teve que insistir para conseguir acelerar. "O pai não queria que ninguém da família entrasse para as corridas. Tinha o perigo e é sempre muito difícil, precisa de uma dedicação enorme. Nem todo mundo consegue", analisa. "Ele também exigiu que eu fizesse faculdade, mas eu fui lá, fiz e voltei para correr."

"Disputei algumas Indy 500, andei mais umas na Brickyard, com a Nascar. Mas daí eu quebrei minhas costas", cita Larry. "Naquele momento, pai falou: 'Talvez seja hora de eu ir para casa e você assumir a equipe'. Ele não foi para casa, mas a partir daí o comando passou para mim", relata, sorrindo.

Sobre o próximo domingo, contudo, Larry não titubeia, preferia estar atrás do volante. "É melhor estar lá dentro, pensando só na pilotagem. Quando está aqui você vê como tudo vira um caos, é muito complicado. Estressante!"


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