Grupo estratégico sugere tudo que a F-1 não precisa, com reabastecimento e carros clientes

Grupo estratégico sugere tudo que a F-1 não precisa, com reabastecimento e carros clientes

publicidade


É quase uma aposta certeira. Quando as figuras poderosas da Fórmula 1 se reúnem para "arrumar o esporte", as decisões serão as piores possíveis ou completamente inúteis para o que realmente precisa a categoria. Numa crise que pressiona a maiora dos times desde os anos 2000, a categoria não conseguiu discutir em seu encontro estratégico formas mais justas de divisão da premiação em dinheiro e direitos de TV ou fórmulas para estimular a criatividade dos engenheiros no lugar do investimento massivo e finanças. O que o grupo estratégico sugeriu foi a volta ao passado: reabastecimentos liberados e carros cliente.


O motor V6 turbo, caro, lento, quebrador e que nenhum piloto parece gostar, permanecerá na receita para "garantir estabilidade". A gastação permanecerá liberada e a única forma de "economizar" dinheiro será comprar um carro pronto de uma das construtoras, o que possivelmente vai gerar mais gastos para essas, mas garantir que não surjam mais "Brawns", "Williams", "Saubers" para incomodar na luta pelas colocações de pódio...

As grandes forças da Fórmula 1 parecem estar completamente cegas que o grande atrativo da categoria é exatamente ser um construtor e desafiar o status quo com o melhor e mais ambicioso projeto. Tentar resolver a crise dos nanicos com carros clientes vai gerar uma dependência completa dos construtores e desestimular potenciais Ron Dennis e Frank Williams. Para piorar, quando as grandes empresas decidirem sair, quem vai ficar fabricando carrinhos cliente para competir? No melhor dos casos, teremos uma monomarca ou bimarca como a Fórmula Indy. E isso não será Fórmula 1...

Ah, mas a categoria garante que vai ajustar a aerodinâmica, a largura dos pneus e estabelecer o abastecimento para deixar os carros mais rápidos! Isso não é o que interessa tanto o público ocasional quanto o mais técnico e fanático. Para que vai servir o motor híbrido com vazão de gasolina controlada mesmo se vamos reabastecer no meio da prova? Quem sabe botamos na mistura a ideia de trocas de carros, tem uma certa Fórmula E fazendo isso!

Nenhum dos elementos novos sugeridos pelo grupo estratégico tem potencial transformador para recolocar a categoria no patamar de maior espetáculo do automobilismo e ápice de desenvolvimento do esporte a motor. São mais remendos e dispositivos complicadores que a longo prazo vão tornar o negócio insustentável até mesmo para Ferrari, Mercedes e companhia...

Vale citar: TODAS as propostas feitas pelo grupo estratégico nessa semana incorrem aumento dos custos ao invés de controle deles. Pneus mais largos obrigarão desenvolvimento de novas suspensões e acertos de chassis. Reabastecimento envolve mais gastos com funcionários e equipamentos apropriados para os pit-stops. Aerodinâmica agressiva, milhares de horas caríssimas em túnel de vento. Motores atuais com mais rotação e potência, bilhões investidos nos atuais propulsores que quebram para caramba chegarem lá sem virarem bombas-relógio...

Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895