Haas F1 quer brigar entre grandes, mas pilotos são o fator imprevisível

Haas F1 quer brigar entre grandes, mas pilotos são o fator imprevisível

Eduardo Amaral

Novo patrocinador, potencial para evolução e dois pilotos... Afoitos...

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Junto com a análise dos carros, vamos trazer um prognóstico das equipes para 2019. A resenha é do jornalista Eduardo Amaral.

Ser mais que um satélite e assumir o primeiro lugar da chamada Fórmula 1B, este é o grande desafio da Haas para 2019, e um de seus pilotos acredita fortemente nisso. Ainda no período de férias, Romain Grosjean mandou um recado para a Renault, rival direta na disputa do quarto lugar no campeonato de construtores, dizendo que os franceses precisam ter cuidado.

A fala do franco-suíço soa como uma realidade e uma ameaça. Por um lado, a equipe técnica do time norte-americano já demonstrou capacidade e potencial para entregar um carro veloz e capaz de disputar até alguns pódios. Aliado a esse potencial já comprovado, a equipe também conta com algo fundamental para a categoria: mais dinheiro. Mas a fala de Grosjean também pode ser ameaçadora pelo inegável talento da dupla de pilotos em fazer trapalhadas na pista. Tanto ele quanto seu companheiro de equipe, Kevin Magnussen, são conhecidos por aprontar e, não raras vezes, prejudicam os resultados deles e de outros competidores. A gente até espera que eles tropecem bastante, pois no vácuo está o brasileiro Pietro Fittipaldi, contratado como terceiro piloto para 2019.

Magnussen, inclusive, carrega uma série de adjetivos nada elogiosos de outros pilotos do grid. Idiota e estúpido estão entre as declarações de amor feita por seus colegas. Já Grosjean colocou o primeiro lugar de Lewis Hamilton em risco quando resolveu disputar posição na frente do inglês, justamente no momento em que tomava bandeira azul.

É justamente o ímpeto em fazer besteiras o maior desafio da equipe que apresentou o carro VF-19 nesta semana. Com a injeção de dinheiro advinda do quinto lugar no campeonato passado, aliado ao forte investimento do novo patrocinador Rich Energy (e está bonito esse caro hein?), a Haas tem todas as condições de entregar um pacote competitivo para seus dois trapalhões.

Resta saber se eles finalmente entenderão que a equipe precisa de cada ponto possível, os quais não podem ser desperdiçados por ímpetos em fazer bobagem. Grosjean tem uma vantagem sobre o seu companheiro, apesar de suas inúmeras barberagens, é um piloto mais rápido e já demonstrou capacidade de fazer corridas interessantes. Mesmo assim, isso não foi suficiente para que superasse o dinamarquês na temporada 2018, quando terminou com menos da metade dos pontos do companheiro.

Tudo terceirizado

Conter os ânimos de seus pilotos não é o único desafio da equipe norte-americana para 2019. Sem montadora própria, a Haas precisa lutar muito para desenvolver o carro, especialmente a partir da segunda parte do campeonato. Para este ano a parceria com Ferrari permanece, e os italianos, por motivos óbvios tem como prioridade os carros pilotados por Sebastian Vettel e Charles Leclerc.

Não que os cowboys não tenham se beneficiado e muito da parceria com a scuderia mais tradicional da Fórmula 1. Graças a esse acordo, os norte-americanos conseguiram garantir um motor potente e peças fundamentais para o chassi, permitindo um bom desenvolvimento do carro, especialmente na primeira parte da temporada passada.

A tendência, e até que os carros entrem na pista para os primeiros testes tudo é tendência, é de que o filme se repita. É muito provável que vejamos uma Haas rápida, um carro bem nascido e capaz de resultados satisfatórios nas primeiras corridas do ano. O problema é com o decorrer do campeonato.

É um padrão da Fórmula 1 que as equipes apresentem novos pacotes aerodinâmicos e um motor mais desenvolvido a partir da chegada do circo na Europa. Sem fábrica própria,  a Haas dificilmente conseguirá acompanhar o ritmo de desenvolvimento das grandes do momento, e talvez tenha dificuldade inclusive na comparação com as médias e pequenas, já que algumas têm capacidade suficiente para desenvolver o próprio carro. Sendo assim, é possível que ao final do campeonato tenhamos uma Haas com um bom começo e se perdendo no fim, e uma equipe que terá pela frente uma questão Shakespeariana “ser ou não ser um satélite da Ferrari para sempre?”


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