Mario definiu dinastia Andretti em Long Beach, com vitória na F1 e domínio cruel na Indy

Mario definiu dinastia Andretti em Long Beach, com vitória na F1 e domínio cruel na Indy

Michael ainda aumentou números da família para sete troféus na Mônaco do Tio Sam

Bernardo Bercht

Pai e filho surfaram nas ruas de Long Beach

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O especial GP de Long Beach precisa, claro, falar da Dinastia Andretti na Mônaco do Tio Sam. Entre Mario e Michael, foram sete vitórias na corrida e o Super Mario é o único a ter faturado a corrida tanto na Fórmula 1 quanto na Fórmula Indy. Ele levou a prova de 1977, com uma ultrapassagem que classificou como das melhores da sua carreira, e depois venceu em 1984, 1985 e 1987; quando a corrida já era da Indycar.

Tudo começou num agradável e ensolarado 3 de abril, a 20ºC. Mario partia do segundo lugar do grid com a pioneira do efeito asa Lotus 78; enquanto Niki Lauda tinha feito seu esforço para agarrar a pole-position com sua Ferrari 312T já começando a dar sinal da idade, mas ainda muito potente e cheia de tração com seu motor boxer. A grande batalha do dia, contudo, seria com Jody Scheckter e a surpreendente Wolf.

Lauda largou mal e foi superado pelos dois carros Ford-Cosworth. Mais atrás, James Hunt exagerou na dose, decolou sobre a Brabham de John Watson, quase tirou Emerson Fittipaldi e Carlos Reutemann da corrida e foi parar fora da pista e da corrida com sua McLaren. Long Beach seria novamente boa para Fittipaldi, com Emerson eventualmente finalizando num bom quinto lugar, somando pontos para a equipe brasileira.

A Lotus ainda estava aprendendo com o efeito solo e apesar da muita aderência, o arrasto impedia Andretti de se aproximar nas retas. Scheckter liderava confiante, mas um furo lento no pneu permitiu o ataque no fim. Mario contou, tempos depois: "Eu estava preparado para fazer uma tentativa 'banzai'. Mas tinha que ser na hora certa, pois eu ia reduzir de quinta para primeira no grampo e frear com tudo. Se eu fizesse mais de uma vez, quebraria o carro". E foi assim que ele fez, se atirou por dentro, freou muito além do deus me livre e passou para vencer.

Na Fórmula Indy, Mário se acostumou a ganhar Long Beach com requintes de maquiavelismo e crueldade. Todas as suas vitórias foram um banho na concorrência. Em 1984, de ponta a ponta e mais de 1 minuto à frente de Geoff Brabham, único na volta do líder. Em 1985, Emerson Fittipaldi fechou em segundo, também um minuto atrás. Temos o soluço de 1986, que já vamos comentar; mas em 1987 ele voltou e estava com sangue nos olhos. Venceu de ponta a ponta e colocou uma volta em todos os concorrentes, até mesmo em Al Unser Jr, o segundo.

E se Mario não ganhou em 86, a prova foi palco da primeira vitória do seu filho na Indy, Michael. E a corrida lançou a lenda desta nova geração com um duelo arrebatador contra Al Unser Jr. Toda a facilidade que o pai teve para ganhar, Michael teve que pagar com juros em dificuldade.

O piloto da Kraco foi alvo de uma perseguição implacável de Little Al nas voltas finais. Michael tinha que economizar algum combustível, após uma tática de boxes no limite e o rival tentou colocar do lado ao menos duas vezes. Na volta final, o herdeiro Andretti ainda chegou em dois retardatários, exatamente no grampo de baixa velocidade. Conseguiu frear e fechar a linha do rival. Os dois percorreram a reta como uma corrida de dragsters, lado a lado, mas a primeira vitória veio com 400 milésimos de diferença para Al Unser Jr. Michael ainda venceria em 2002 para garantir o hepta da família.


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