Nova Ferrari é Fórmula 1 mais complexo e sofisticado até aqui em 2022

Nova Ferrari é Fórmula 1 mais complexo e sofisticado até aqui em 2022

Contornos aerodinâmicos nas laterais são destaque, com abordagem diferenciada do efeito solo

Bernardo Bercht

Projeto de Cardinale e Byrne mostra sofisticação sem precedentes até aqui

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Tirem as crianças da sala, que agora é coisa de gente grande... A Ferrari chegou chegando em 2022, com seu novo F1-75. Dos carros apresentados até agora é disparado o mais radical, sofisticado e complexo. Resta saber se vai funcionar, mas é um projeto que claramente mostra que a Scuderia não deixou um parafuso sequer sem profunda pesquisa de engenharia e aerodinâmica. E vamos combinar, ficou lindo na pintura Rosso Corsa e preta.

Temos que falar dessas laterais, né? Depois a gente recupera o resto do carro. A turma coordenada por Enrico Cardinale, sob consultoria do mago Rory Byrne, criou uma obra de arte nos contornos dos pontões que cobrem os túneis de venturi, geradores de efeito solo.

As entradas de ar são largas, mas muito estreitas, cortando o ar em duas divisões claras entre alimentar o motor e o assoalho gerador de pressão aerodinâmica sob o F1-75. Mas muito além disso, a Ferrari esculpiu o topo da entrada de ar numa curva que parece cumprir duas funções. A primeira é guiar o ar para a lâmina inferior do aerofólio traseiro, a chamada "beam wing". Mas a carenagem também tem formato de asa invertida, gerando mais uma superfície produtora de downforce.

Voltemos à dianteira, então, para apreciar o capricho das linhas de Cardinale e Byrne. O bico é muito mais fino que os adversários até aqui, quase uma maravilha da engenharia que consiga resistir aos testes de colisão frontal. É super afilado e prolongado, num estilo similar ao da AlphaTauri. O ângulo de ataque central é forte, para minimizar a tendência de sair de frente.

Para recuperar um pouco do ar perdido na frente para o assoalho, a Ferrari conseguiu criar um defletor duplo entre as rodas e o cockpit, apesar do regulamento limitar bastante os moldes nessa área do carro. A suspensão é convencional push-rod, mas foi erguida ao máximo para fora das correntes de ar e esculpida para ter as menores dimensões possíveis.

Voltando à linha central, o santantônio é triangular e muito compacto, nem é possível ver uma divisória clara dos dutos para motor, câmbio e demais equipamentos. Com as dimensões reduzidas, sobrou espaço nas regras para duas pequenas asinhas que coordenam os fluxos para a traseira. Aproveitando este ar, o F1-75 usa uma barbatana completa sobre a cobertura do motor, o que deve ajudar o equilíbrio do carro no ataque das curvas.

A Ferrari ainda emprega as "guelras" de tubarão sobre as laterais do carro. O elemento apareceu primeiro na Aston Martin e busca aproveitar mais um ponto para quebrar ar turbulento e ainda refrigerar os componentes internos. Em 2022, tudo está mais "apertado" já que os carro são mais curtos e ainda há necessidade de liberar espaço no fundo para o efeito solo.

Por fim, a asa traseira não entrega muito, mas é fixada com dois pilares, um sistema menos sofisticado, mas mais robusto que o de pilar único. A fixação contorna a saída única para o sistema de escapamentos.

Se confirmar com performance toda a sofisticação de engenharia, a Ferrari tem uma poderosa arma em mãos. Carlos Sainz e Charles Leclerc devem sim voltar a ser sérios candidatos a ganhar corridas.


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