Patrão Lewis Hamilton faz corrida lendária e vence GP de São Paulo da desforra

Patrão Lewis Hamilton faz corrida lendária e vence GP de São Paulo da desforra

Heptacampeão fez uma de suas obras primas na carreira ao escalar pelotão apesar de punições em Interlagos

Bernardo Bercht

Britânico deu show e foi para a galera com direito a festa da bandeira

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O que fez Sir Lewis Carl Davidson Hamilton neste domingo? Pode não ter decidido um título, mas fez história com uma das maiores performances de todos os tempos da Fórmula 1. O GP de São Paulo, em Interlagos, foi a obra prima do heptacampeão, superando polêmicas, punições e, claro um adversário de altíssimo nível na figura de Max Verstappen.

Partindo do décimo lugar, o britânico empilhou ultrapassagens nas primeiras 15 voltas para ser o terceiro colocado de maneira inapelável, com uma Mercedes muito bem acertada e manobras precisas. A maior delas, nesse primeiro ato do show, foi contra Pierre Gasly. Hamilton colocou por fora na Ferradura e, mesmo na sujeira e sem aderência, conseguiu passar a AlphaTauri por fora, segurando a traseirada no braço antes de alinhar para o contorno do Laranjinha.

Lá na frente, Valtteri Bottas largou mal e Max Verstappen disparou. Pior, o finlandês se embananou na saída do Esse do Senna e permitiu a passagem de Sérgio Perez. Parecia o roteiro perfeito para a Red Bull, mas o script, ainda que dramático, estava todo sendo dirigido de forma cinematográfica por Hamilton.

Mais atrás, Yuki Tsunoda e Lance Stroll se enroscaram. Os pedaços de carro obrigaram a entrada de um safety car, com Hamilton já em terceiro embutido nos rivais pelo campeonato. Mick Schumacher causou mais uma parada ao perder o bico na colisão com uma Alfa Romeo, gerando um safety car virtual.

Só então é que Hamilton pode ir para cima de Perez. A Mercedes mostrava todo seu potencial em Interlagos e o heptacampeão usou a asa móvel para passar no Esse, por fora. Só que espalhou, Perez tracionou melhor e deu o troco com a asa móvel na reta oposta. Na volta seguinte, Hamilton aproveitou o ensaio. Foi de novo por fora no Esse, mas fechou a segunda perna, impedindo o contragolpe do mexicano. Agora era só Verstappen na alça de mira.

Apesar de distante, a Mercedes tentou o undercut. Parou antes, mas Hamilton voltou ainda atrás, 1,6s distante do holandês. Com pneus mais usados, até se aproximou, mas não conseguiu uma forma de atacar. Ficaria para a segunda janela de pits.

Aí, a Red Bull decidiu antecipar a parada. Verstappen fez o trabalho de forma impecável e até foi atrapalhado por uma Williams na saída do pit. Mas quando os dois pararam, ainda tinha a dianteira.

Os alemães esperaram três voltas para chamar seus pilotos, o caminho mais fácil talvez fosse esperar um pouco mais para ter um pneu ainda mais novo. Com borracha apenas um pouco melhor, Hamilton teve trabalho. No rádio, Bottas até especulou que o time podia não parar e garantir uma dobradinha, mesmo com pneus gastos.

Mas a escolha estava feita e Hamilton tinha que resolver na pista. Na primeira carga, Verstappen deu a linha de fora, o britânico chegou a passar antes da freada, mas Max espalhou. Ambos foram para fora da pista e o holandês recuperou a dianteira. Por letra dura de regra, deveria ter cedido posição, mas Michael Masi mandou o lance seguir no VAR...

Em busca da vingança pelas penalizações, entretanto, Hamilton não ia deixar barato. Ainda ficou atrás quando Verstappen fez um zig-zag em sua frente, na volta seguinte. Depois, não teve jeito para o holandês. A Mercedes tracionou muito melhor que a Red Bull no caminho para a resta oposta, o britânico passou por fora e antes da freada já fechou a linha para evitar o troco. Era a liderança apoteótica de um fim de semana em que tudo parecia dar errado.

A partir daí, Hamilton despachou a Red Bull e arrancou para a vitória com uma margem de quase dois dígitos de diferença na bandeirada. Verstappen cruzou em segundo, com cara de poucos amigos, com Bottas completando o pódio. Perez ainda fez a volta mais rápida com pneus novos, antes de ser o quarto.

O dia foi bem feliz para a Ferrari, apesar de ficar sem pódio. Charles Leclerc e Carlos Sainz cruzaram em formação, enquanto a McLaren conseguiu só um pontinho com Lando Norris.  Pierre Gasly foi sexto, passando as duas Alpine no fim. Fernando Alonso teve ritmo muito superior ao de Esteban Ocon, mas por combinação do time deixou o francês passar no fim, com a dupla cruzando em oitavo e nono lugares e, ao menos por enquanto, mantendo o quinto lugar nos construtores.

O domingo, entretanto, era todo de Lewis Hamilton. Que tirou o cinto, pegou uma bandeira do Brasil com um fiscal, fez a volta da consagração e, depois foi para a galera, que vibrou demais nas arquibancadas.


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