Pietro Fittipaldi detalha bastidores na Haas F1 e comenta versatilidade na carreira

Pietro Fittipaldi detalha bastidores na Haas F1 e comenta versatilidade na carreira

Piloto falou em Austin sobre aprendizado e busca de criar a própria reputação no automobilismo europeu

Bernardo Bercht, direto de Austin

Piloto busca renovar contrato de terceiro piloto e somar pontos que faltam da superlicença

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Pietro Fittipaldi está construindo uma reputação própria, crescendo além do sobrenome bicampeão de Fórmula 1 que herdou do avô. Ele provou a versatilidade em todo tipo de carro, dos monopostos de entrada, passando por Mundial de Endurance e DTM. Agora, uma parceria com a Haas F1, que superou até mesmo seu grave acidente em Spa-Francorchamps, mantém o piloto como um dos brasileiros mais próximos do topo do automobilismo. Em entrevista no Hospitality Center do time, em Austin, e sob os olhares atentos do chefão Gunther Steiner, Pietro detalhou sua contribuição para a equipe norte-americana e os planos para encontar um cockpit oficial.

"A equipe é muito profissional, todo mundo é muito sério. Ainda assim, são mais abertos que qualquer outro time", comenta Pietro. "É aquele estilo norteamericano. E isso me permite fazer várias perguntas para os engenheiros e aprendo muito. Eles me ajudam a saber cada vez mais", avalia. Questionado se a fama de "acidentados" de Romain Grosjean e Kevin Magnussen gera muitas broncas nas reuniões, ele descartou. "Quando tem debriefs, é como qualquer outro time, todo mundo focado no trabalho."

Mas Pietro não está lá só para aprender a ser piloto de F1, ele já tem um papel essencial na preparação do time norte-americano. "Eu contribuo também. Pois a gente faz muita coisa importante no simulador, já que os testes são limitados na vida real", explica. "Estou lá quarta, quinta e sexta. Eles me passam um acerto básico, vemos como está a dirigibilidade para cada circuito e, daí, vamos trocando", detalha o piloto. "Eu, o Grosjean e o Magnussen temos um acerto similar, o que facilita." Cabe ao brasileiro, ainda, ter o primeiro contato com as peças novas do time, no mundo virtual. "Também testamos novidades, para ver o que faz no comportamento do carro e se melhora a performance. É muito importante isso para todos os times. Pois pode usar o quanto quiser o simulador."

Pietro relata que o tio, o ex-piloto italiano Max Papis, foi essencial para chegar à beiradinha da F1. "A oportunidade veio ainda em 2016, quando tive uma reunião com o Gunther. Meu tio Max me apresentou e ele disse para primeiro ganhar o campeonato da World Series e então falar com ele", narra o piloto. Ele venceu a temporada e veio a resposta: "'Vamos te testar em julho de 2018'. Só que aí quebrei minhas pernas duas ou três semanas antes das 500 Milhas de Indianápolis, naquela prova do WEC em Spa-Francorchamps."

A partir daí, foi um trabalho de relações públicas do brasileiro. "Perdi a oportunidade de fazer o teste, mas continuei em contato, trocando mensagens sobre a recuperação. Voltei para a Indy com bons resultados e ele me chamou para almoçar na Carolina do Norte, queria oferecer o trabalho de piloto de testes." Pietro aceitou e já foi para o cockpit. "Testei o carro ainda em 2018, aí na pré-temporada em Barcelona e durante a temporada andei no carro mais umas vez. Depois, foi no simulador. São três vezes por semana, testando várias coisas de acerto e peças novas."

O grande desafio, agora, é matemático, a tal da superlicença da FIA. "Estamos olhando as oportunidades, faltam quatro pontos para ter a superlicença. É difícil esse negócio dos pontos, pois preciso de uma boa oportunidade numa categoria que permita fazer o trabalho na Haas", define. Ele deixa claro que pretende seguir no time de F1. "Estamos vendo as oportunidades para o ano que vem. A primeira coisa é continuar como terceiro piloto." Ainda assim, Pietro sabe que precisa estar em provas oficiais. "Preciso correr por esses quatro pontos. Mais que qualquer pessoa quero chegar na F1 e estou fazendo de tudo."


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