Raikkonen lidera em dia marcado por polêmica "direção dupla" da Mercedes

Raikkonen lidera em dia marcado por polêmica "direção dupla" da Mercedes

Lewis Hamilton estreou sistema que reduz inclinação das rodas para aumentar velocidade na reta

Bernardo Bercht

Finlandês teve o gostinho de liderar nos treinos de inverno

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Kimi Raikkonen colocou a Alfa-Romeo no topo do segundo dia de testes, mas o que chamou a atenção foi a segunda polêmica fervendo no grid da Fórmula 1 em 2020. Os 100% de aproveitamento vieram com a estreia de uma engenhoca para lá de esperta da heptacampeão Mercedes, batizado pelo projetista James Alisson de DAS (Dual-Steering System, ou sistema de direção dupla). Logo que surgiram as primeiras tomadas onboard de Lewis Hamilton em Barcelona, foi possível notar o britânico "puxando" o volante para trás no começo da reta principal. Imediatamente, as rodas dianteiras também mudavam de ângulo.

Só que a barulheira eventual dos adversários já teve que parar no meio do caminho, pois a Mercedes desenvolveu o mecanismo o tempo todo em consultoria com a FIA. Basicamente, o sistema mecânico e sem ajuda hidráulica, move apenas o ângulo das duas rodas dianteiras, sem alteras a configuração de suspensão. O regulamento diz exatamente que o piloto só pode ter controle sobre as duas rodas dianteiras, mas sem em momento algum frisar quais movimentos. Portanto, além da direita e esquerda, o comando de inclinação adotado pela Mercedes está perfeitamente legal.

Mas o que essa regulagem pode trazer de vantajoso? Tecnicamente chamada de cambagem, a inclinação das rodas é usada nos carros de competição para aumentar o plano de contato do pneu com o asfalto em curvas. Na reta, contudo, isso cria arrasto e reduz a velocidade final do carro, além de provocar um aquecimento irregular do pneu, pressionado em apenas um dos lados - aumentando o desgaste da borracha. Usando o volante para reduzir a inclinação das rodas nas retas, a Mercedes vai ganhar um ou dois quilômetros por hora nas retas. Mais importante, contudo, será no acumulado das voltas preservar mais os pneus na temperatura ideal. O percentual de ganhou, contudo, não deverá ser tão grande, já que o movimento permitido pelo sistema é limitado, até para não atrapalhar o controle do carro e manter patamares de segurança.

Voltando à pista, Kimi Raikkonen tirou a Alfa do fundão do grid e mostrou algum potencial ao virar 1min17s091, além de completar 134 voltas. Não foi tão promissor, contudo, por conta de o finlandês usar o pneu mais macio de todos, o de faixa vermelha. Novamente nas cabeças, Sérgio Perez colocou a (Mercedes cor de rosa) Racing Point em segundo lugar com 1min17s347 e de pneus médios. Ele totalizou 145 voltas. Em terceiro, Daniel Ricciardo deu o ar da graça pela Renault e chegou até a liderar com 1min17s749 antes de ser superado no fim da manhã. O australiano andou só 42 passagens antes de o carro ser entregue para o companheiro, Esteban Ocon, que fez apenas stints longos e virou 1min18s557.

Sim, foi um dia discreto para as "grandonas" e apenas em quarto lugar apareceu a Red Bull de Alex Albon. A estreia do tailandês com o carro de 2020 foi competitiva, ainda na casa de 1min17s e com 134 voltas no bolso do macacão. A Alpha Tauri voltou a fazer sombra com seu "Red Bullzinho" em quinto, com Pierre Gasly e mais 147 voltas. Os motores Honda nunca andaram tanto sem quebrar numa pré-temporada.

Só aí veio a Ferrari, com Sebastian Vettel subindo no cockpit pela primeira vez após um misterioso "mal-estar". O alemão completou 73 voltas e fez sua melhor com pneus macios. A situação é de muito disfarce no box italiano, ou algo errado está acontecendo. Além de não terem sido rápidos em momento algum, Vettel e Leclerc completaram quase que metade das voltas feitas por Mercedes e McLaren, aquelas que mais rodaram em Barcelona.

Curiosidade do dia, o segundo carro Mercedes mais rápido foi a Williams de George Russell. Daquelas coisas impensáveis em 2019, mas parece que os britânicos ajeitaram seu brinquedo, ainda que não seja um carro para somar pontos com frequência. Atrás dele, com a direção dupla, Hamilton foi nono com 106 voltas, todas feitas pela manhã. Valtteri Bottas estava no caminho para somar 200 voltas pelos alemães, mas teve uma falha elétrica, raridade entre os prateados.


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