Renault lança carro com aspirações para se manter entre as grandes em 2019

Renault lança carro com aspirações para se manter entre as grandes em 2019

Australiano Danel Ricciardo e alemão Nico Hulkenberg serão os pilotos da equipe francesas na temporada

Eduardo Amaral

Lançamento do carro 2019 da Renault de Fórmula 1

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Durante anos alguns dos amantes da Fórmula 1 repetiram o mantra “Deem um bom carro para Hulk”. O piloto alemão Nico Hulkenberg estreou na categoria em 2010, aos 22 anos (completaria 23 em agosto daquele ano) e sempre demonstrou ser rápido, talentoso e bastante ousado. Nove anos e quatro equipes depois, com duas passagens pela Force India, Nico chega a temporada 2019 longe dos resultados que eram esperados do, então, promissor estreante, porém com grandes chances de, finalmente, ter nas mãos um carro capaz de levá-lo ao primeiro pódio e, talvez, a uma vitória.

De volta ao circo da Fórmula 1 com equipe própria desde 2016, a Renault mudou o grupo de engenheiros e projetistas, reforçou os investimentos para 2019 e vem com vontade de apresentar um monoposto capaz de ser a primeira do “resto”, já que a liderança de Mercedes, Ferrari e Red Bull é aparente inabalável. Entretanto, essa vontade pode ser justamente a grande dor de cabeça para Nico.

No outro cockpit estará sentado o sorridente australiano Daniel Ricciardo, que, visto o indicativo dado pelo diretor técnico da equipe, Cyril Abiteboul, será a prioridade no time francês. “Temos a obrigação de produzir um chassi e uma unidade motriz a altura do piloto que contratamos. Não quero sentir o mesmo que a McLaren deve ter sentido com Fernando (Alonso) nos últimos anos.”

A preferência por Ricciardo pode ser considerada natural, já que a Renault precisou apresentar um projeto convincente para o piloto deixar a Red Bull. E, ao que tudo indica, a proposta dos franceses é ousada: levantar um campeonato nos próximos anos. O próprio Ricciardo já admitiu as dificuldades para que a taça venha em 2019, mas garantiu esperar por carro campeão nas próximas temporadas.

Outro fator determinante para o passo ousado do australiano é a confiança que ele tem nos motores Renault, com os quais correu durante os anos de Red Bull. A equipe australiana resolveu mudar os propulsores e vai correr com motores Honda em 2019, uma marca que, apesar da história de sucesso entre as décadas de 80 e 90, se mostrou um grande desastre em todas as tentativas no século XXI.

A clara preferência do diretor técnico da Renault por Ricciardo é fácil de explicar. Dois anos mais novo que Nico, o australiano ostenta resultados muito mais relevantes em seu currículo, com cinco vitórias, 27 pódios e uma pole. Enquanto isso, o alemão possui apenas uma pole, conquistada no Brasil no já distante ano de 2010, e ostenta o recorde nada glorioso de ser o piloto que mais correu sem subir no pódio.

Mesmo assim, o diretor-executivo da Renault, Marcin Budkowski demonstra acreditar que a parceria será benéfica para ambos, e pode levar Nico a chegar ao lugar que tantos esperam dele. Apesar de garantir que o alemão não estava na zona de conforto nas duas temporadas que correu com Jolyon Palmer (2017) e Carloz Sainz (2018) como companheiros de equipe, Budkowski vê um futuro mais promissor com a nova dupla. “Carlos foi um bom empurrão para ele no último ano e estávamos felizes com a interação dos dois pilotos. Para Nico ter Daniel, agora vindo com a reputação de um piloto veloz, bom em corridas e em ultrapassagens, e provando que é capaz de vencer corridas, é uma oportunidade de provar a si mesmo.”

A verdade é que Hulk tem a promessa de um carro capaz de vencer corridas nas próximas temporadas, e talvez já em 2019 seja capaz de alcançar a primeira fila. Caso a Renault consiga comprovar a promessa, será a hora da verdade para aquele que já foi uma das promessas da Fórmula 1.

Mas o que esperar da equipe

A montadora francesa não é nenhuma iniciante no circo da Fórmula 1 e tem um histórico bastante positivo, já que foi dela os motores dos fantásticos Williams do início dos anos 90. Aliado aos projetos de Adrian Newey, os propulsores levaram a equipe inglesa a levantar dois títulos de pilotos e construtores em sequência. Em 2005 e 2006, mais um bicampeonato, dessa vez com equipe própria e com Fernando Alonso no volante. Em 2010, a retomada de parceria com Newey voltou a render frutos, dessa vez na Red Bull, com quatro títulos em sequência com um carro, guiado pelo alemão Sebastian Vetel, que também parecia de outro planeta.

Dado esse histórico altamente positivo, aliado ao forte investimento feito pela equipe para 2019, tudo leva a crer que a equipe não pretende deixar o quarto lugar conquistado em 2018 passar, a não ser por uma posição melhor nesta temporada. No ano passado a equipe chegou a duelar com a Hass pelo quarto lugar, ou o primeiro da F1B como alguns chamam as equipes que estão mais afastadas do Olimpo ocupado por Red Bull, Ferrari e Mercedes. Os franceses terminaram o ano com 122 pontos, e garantiram a posição com antecedência.

É bastante difícil fazer qualquer previsão mais apurada antes dos carros serem entrarem na pista para testes. A apresentação do RS19 ocorreu nesta terça-feira e mostrou ao mundo um carro com características externas muito parecido ao do ano passado. No dia 18 a Renault manda para pista de Barcelona seu monoposto e começaremos a ter uma ideia mais clara do que esperar dos franceses.

O mistério que ronda o impacto do novo regulamento e como cada carro vai nascer não impede uma constatação óbvia. A Renault está com sede para se aproximar das três equipes que dominam o circuito a quase 10 anos. A equipe foi a que mais investiu desde 2018, e além de muito dinheiro injetado, também promoveu uma mudança grande no departamento técnico.

Duas posições técnicas seguem iguais Nick Chester como diretor técnico e Martin Tollida segue como desenhista-chefe e será o responsável pelo projeto aerodinâmico. A partir daí as mudanças são grande. Não bastasse tirar o motor e o piloto da Red Bull, a Renault também importou Peter Machin para cuidar da aerodinâmica. O responsável pela integração entre chassi-unidade motriz é o ex-Mercedes Matthew Harman. Outro que veio de uma das grandes é o próprio Budkowski, que já passou pela McLaren, Ferrari e FIA.

O orçamento da Renault ainda está abaixo de Mercedes, Red Bull e Ferrari, mas a aposta em pilotos talentosos, sendo Ricciardo com resultados bastante sólidos, aliada a chegada de dirigentes experientes aponta para um caminho de sucesso. Aliado a isso, diferente de outras equipes do segundo pelotão, como Hass e Alfa Romeo, a Renault não é satélite de ninguém e produz todos os seus componentes. Com todos esses fatores, é possível apostar que a equipe faça um 2019 ainda melhor que a temporada de 2018, e caso a Honda repita o desastre da parceria com a McLaren, possa até beliscar um terceiro lugar no campeonato de construtores. O título de pilotos é um sonho, mas programado para os próximos anos.


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