Traçando caminhos para a vitória, a análise dos favoritos para as 500 Milhas de Indianápolis

Traçando caminhos para a vitória, a análise dos favoritos para as 500 Milhas de Indianápolis

Dixon e Ganassi se destacam nos treinos, mas para os atentos lista de candidatos pode surgir até do meio do pelotão

Bernardo Bercht

Preparação, experiência, equipamento e talento medem forças

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Confiança é essencial, mas favoritismo pode ser perigoso nas 500 Milhas de Indianápolis. Não existe qualquer análise para a prova de domingo que exclua a Ganassi como maior candidata à vencer no domingo. Todos os cinco carros da equipe estão entre os 12 primeiros e quatro no top seis para a largada.

Desta forma, o pole-position (com recorde) Scott Dixon puxa a fila como maior postulante a uma segunda vitória na Brickyard. O neo-zelandês persegue esse troféu Borg-Warner desde 2008, tendo cravado quatro poles desde então, sem conseguir cruzar a volta 200 antes dos outros.

Aliás, ele é o grande exemplo de como o mais perfeito desempenho e a mais pura velocidade não garantem um vencedor, com a famosa lenda de que a Indy 500 escolhe o seu campeão. Nas três vezes que largou em primeiro desde que venceu, Dixon chegou em 32º numa, 17º noutra e apenas um quarto lugar serviu de consolação em 2015.

Mas a armada Ganassi não conta apenas com Dixon e tem na sexta posição, com Tony Kanaan, talvez sua outra grande arma para vencer o mais cobiçado prêmio do esporte. O brasileiro estava sempre lá nas cabeças, mas sem chamar tanta atenção. Consistência é a palavra e, talvez, ela gere mais frutos do que a velocidade. Alex Palou que o diga, o incrível campeão da Fórmula Indy em 2021 e que só não conseguiu superar o imparável Helio Castroneves. Já foi segundo, agora quer dar o passo à frente e tem as armas para tal.

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O próximo candidato vem respaldado na tradição. Em Indianápolis existem aqueles caras que descobrem os caminhos e, um deles, é Takuma Sato. O maior vencedor recente da prova, com dois troféus em 2017 e 2020, trocou para uma equipe menor, mas claramente não perdeu nada do espírito Samurai Voador. Foi o mais rápido em três dias de treinos e, na classificação, cavou um lugar na marra entre os 12 melhores, até mesmo com uma pancadinha no muro. Vai largar em décimo e mostrou, em todas as condições, um carro combativo para incomodar qualquer favorito.

Já deve ter gente perguntando: e a Penske? Sim, a gigante da Indycar também tem suas ferramentas afiadas pela vitória. Foi muito circunstancial apenas um dos Dallara-Chevy do tio Roger terem figurado no top 12. Will Power, que já venceu em 2018, tem uma boa plataforma para atacar a partir da 11º posição. E Josef Newgarden, que busca sôfrego seu primeiro Borguinho, está num razoável 14º posto para especular.

Ele e Scott McLaughlin, por sinal, provavelmente só não entraram entre os mais rápidos por azar no sorteio da ordem de treinamentos. Ficaram entre os últimos, com a pista muito quente. McLaughlin ainda seria o 15º, mas tentou melhorar seu tempo e despencou para 26º. Nos últimos anos, independente da performance, o piloto que leva a pintura submarino amarelo é meio zicado na Indy 500...

Da turma da gravatinha, ou da borboleta, temos que falar da Carpenter. Estes caras sabem como quebrar os cronômetros da Indy 500. Piloto da casa, Ed Carpenter sai em quarto lugar. Quem sabe essa é a vez? Em terceiro, está a nova geração como Rinus Veekay. Ele é o candidato mais concreto para quebrar o recorde de vencedor mais jovem, mas vai ter que descobrir os caminhos em meio à frota poderosa da Ganassi.

Para encerrar a lista de efetivos candidatos, temos duas McLaren. Pato O'Ward foi super efetivo em todas as sessões e avançou com folga para o fast six. Só que tanto ele quanto Felix Rosenqvist não parecem ter o equipamento para bater diretamente contra Carpenter e Ganassi. Vai ter que ser no talento, na tática, no diferente. Ali, chegamos aos azarões da turma da frente, com os estreantes Romain Grosjean e Jimmie Johnson. Romain teve a sorte de principiante no sortei, com sua Andretti no momento ideal da pista para avançar. Por isso, larga em nono. Johnson deveria ter chegado ao Fast Six, errou e larga em 12º, com pouca experiência de Indy nos ovais, mas uma máquina poderosa sob seu comando.

Agora na mesa, então, os nomes para quem quer arriscar uma aposta que quebre a banca. Não olhe muito além do francês Simon Pagenaud, 16º no grid. No ano passado, ele escalou de 26º para terceiro, então já sabemos que ultrapassar não é um problema. A Meyer Shank Racing não achou a mesma mágica de 2021, mas no meio do pelotão seus carros conseguem se virar bem e tem performance para acompanhar os líderes.

É por isso, também, que não dá para descartar que Castroneves faça sua epopeia definitiva. O carro mágico do ano passado não se apresentou e o tetracampeão larga em 27º. Vai ter de quebrar um tabu que não ocorre desde a década de 1930 para ganhar, mas se tem alguém para isso, é ele. Uma mudança de acerto, aliás, deu nova faísca para o time na batalha com outros carros e deixou Helinho bem mais confiante. Ninguém disse que é fácil reescrever a história. E para chegar à quinta vitória inédita é isso que terá de fazer.


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