Viature de Course parte I - Chegada na oficina e regime forçado para perder peso

Viature de Course parte I - Chegada na oficina e regime forçado para perder peso

Primeira etapa do carro de corrida do PitLane é a desmontagem de tudo que não precisa

Bernardo Bercht

Dieta de "plásticos e panos", Peugeot 306 topo de linha é reduzido à lata

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Há algumas semanas, uma conversa na porta da Oficina Fossá, lá na avenida Maranhão de Porto Alegre, foi o estopim para o projeto Viature de Course (veja aqui a primeira parte). "Tenho uma ideia maluca e acho que só contigo ia conseguir fazer", comentei com o nosso "Patrick Head" Toninho Fossá. "Lembra aquele Peugeot 306 que já deu algumas encrencas aqui? Quero fazer um carro de corrida!"... Sensato, Toninho replicou. "Quer correr? Cara, temos bons carros, compra um pronto e vai te divertir."

Teimoso, argumentei com o lado emocional... "Esse 306 é meu xodó, primeiro carro que comprei lá em 2007, já fez tudo que é viagem possível e agora não estou mais usando. Quero fazer algo diferente do que temos nos grids aí". Veio um aperto de mão e o incentivo. "Me convenceu. Gostei do desafio."

Alguns dias depois, o 306 em ótimo estado, lata impecável e pronto para qualquer parada estava no "lombo" do guincho e descendo garboso para dentro da oficina. Detalhe, sem usar as forças próprias por conta de um cabo de embreagem arrebentado. Mas esse detalhe o preparador André Rheilander resolveu numa rosqueada de chave de fenda e já saiu para um test drive. Voltou faceiro... "O carrinho tá bala, nem acredito que vamos desmontar para botar na pista", comentou. Pois é, quando ele fala desmontar, é para valer!

Com 1080 quilos declarados no manual, o 306 não é pesado para os padrões atuais, mas para chegar no autódromo teve que passar por um forte regime de plásticos, borrachas, pequenas peças metálicas, forração, acabamentos... Itens de conforto? Não serão perdoados... Ar-condicionado, direção hidráulica, aquecedor, máquinas de vidros elétricos... Tudo foi meticulosamente retirado nos últimos dias.

Bancos com forração de veludo (eram bons até para uma sonequinha durante as 12 Horas de Tarumã...), acionadores de airbag, todo o painel e seus indicadores, forro do teto. Todo e qualquer item superfluo bailou na curva. A grande dúvida era, após essa dieta forçada, como estaria a carroceria por baixo, após mais de 200 mil quilômetros, temporais, estradas de terra e muitos serviços prestados.

O 306 passou com nota exemplar! "Está perfeito, estado de novo sem qualquer princípio de corrosão", determinou André Rheinlander. "Ainda vamos ter que cortar algumas chapas, retirar uns detalhes para a fixação de banco e colocação dos tubos do santantônio", esclareceu. No geral, missão cumprida, 200 quilos a menos para carregar na pista.

Agora é hora de pensar na proteção do piloto e rigidez do chassis. Na próxima etapa, vamos construir o santantônio...

 


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